A ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso, apelou na passada quarta-feira, 3 de Julho, à retoma do projecto de gás natural na Área 4 da bacia do Rovuma, por entender que a instabilidade criada pelo terrorismo em Cabo Delgado tende a ser controlada pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM), com o apoio do Ruanda, União Europeia e da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM), esta última já não estando no local.
Segundo um artigo difundido esta sexta-feira, 5 de Julho, pelo jornal O País, a governante falava em Cabo Delgado, durante o lançamento, na cidade de Pemba, da conferência sobre Energia e Indústria.
“Para nós, é um privilégio fazer parte deste movimento concertado para reafirmar as boas condições para operacionalizar investimentos em Cabo Delgado e acelerar a retoma de todos os projectos-âncora, com destaque para a Área 4 da bacia do Rovuma. Este é, sem dúvida, o momento certo para promover a boa imagem de estabilidade e acolhimento dos maiores investimentos na região no sector energético e mobilizar recursos públicos e privados para a agenda do desenvolvimento local”, disse Lídia Cardoso, falando em representação do primeiro-ministro, Adriano Maleiane.
Por sua vez, a TotalEnergies, multinacional francesa que lidera o projecto de gás na Área 4 da bacia do Rovuma, não respondeu ao apelo do Governo, mas prometeu não paralisar as acções de responsabilidade social e de desenvolvimento económico da província.

“Apesar de ainda estarmos distantes por razões de força maior, tendo as nossas operações como a construção da fábrica de gás paralisada, temos vindo a investir em acções de conteúdo local e desenvolvimento socioeconómico das comunidades em Cabo Delgado”, esclareceu Laila Chilemba, representante da TotalEnergies.
A responsável explicou ainda que, “ao abrigo desta iniciativa conjunta com o Governo e a sociedade civil, desde o ano 2022, a Total investiu cerca de 2,5 mil milhões de meticais (40 milhões de dólares) para a área do desenvolvimento socioeconómico e, como resultado, foram criados cerca de oito mil empregos, principalmente nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, assim como a restauração de 1300 hectares de mangais na zona de Palma”.
No início deste ano, o presidente da petrolífera, Patrick Pouyanné, afirmou esperar o recomeço das obras de construção e exploração de gás natural em Cabo Delgado até ao fim do ano, garantindo monitorar a situação no terreno permanentemente.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.