O Governo angolano assinou esta quinta-feira, 4 de Julho, um acordo que prevê a interligação eléctrica com a República Democrática do Congo e com a Zâmbia, através de uma linha com mais de 1200 quilómetros, num investimento privado de um milhão de dólares, informou a Lusa.
Segundo a agência, o objectivo é avançar na integração regional da energia e vender electricidade a empresas, sobretudo ligadas à indústria mineira, afirmou o ministro da Energia e Águas de Angola (MINEA), João Baptista Borges, na assinatura do memorando de entendimento que envolve o organismo, a Rede Nacional de Transporte de Electricidade, a Promarks Energy e Trafigura.
O país da África Austral tem um excedente de produção de energia que pode ser exportado para uma região “onde a procura é significativa, principalmente relacionada com a exploração mineira”, sublinhou o ministro, acrescentando que “o projecto pode atender a procura de outros países e assegurar as trocas nos dois sentidos (exportação e importação)”.
Actualmente, Angola tem uma capacidade instalada de produção de energia de 6500 megawatts (MW) e uma procura interna de apenas 2300 MW, estando previsto fornecer até 2000 MW à região leste da Zâmbia e da RDC através desta linha. A facturação anual prevista aproxima-se dos 750 milhões de dólares.
A linha vai ligar a zona do médio Kwanza, onde se concentra a principal capacidade instalada do país, ao chamado cinturão de cobre, devendo a execução da infra-estrutura demorar cerca de dois anos.

João Baptista Borges destacou que esta interligação vai complementar também o transporte ferroviário no corredor do Lobito, actualmente visto essencialmente na perspectiva do transporte de mercadorias, ao qual se pretende adicionar o transporte de energia e as comunicações, através de fibra óptica.
O operador do sistema de transporte de energia, ou seja, o dono da linha será responsável pela celebração dos acordos com os utilizadores finais, como as companhias mineiras, sendo a tarifa negociada entre as partes.
“É uma relação entre privados apenas”, realçou o ministro, a propósito da definição dos preços. “Trata-se de um projecto de iniciativa privada, sem financiamento público, e que trará vantagens para todos os países envolvidos”, acrescentando que “Angola tem também planos de interligações no sul do país e noutros pontos da RDC”.