O número de vistos concedidos por Portugal a cidadãos angolanos registou um aumento significativo de 43% em 2023, passando de 42 mil para 57 mil. Este crescimento foi anunciado na sexta-feira (21) pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Paulo Rangel, que sublinhou a importância atribuída pelo Governo português à mobilidade no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
De acordo com informações da Lusa, Paulo Rangel destacou, durante uma conferência de imprensa em Luanda, após um encontro com o seu homólogo angolano, Téte António, que no primeiro semestre deste ano o aumento já é superior a 12% comparativamente ao mesmo período do ano passado. Este facto, segundo o ministro, demonstra a capacidade de resposta dos serviços consulares portugueses.
Relativamente aos vistos Schengen (autorização para escala aeroportuária ou estadas curtas em um ou mais Estados membros), o ministro revelou que cerca de 85% dos vistos concedidos a cidadãos angolanos são emitidos pelo Estado português. Contudo, reconheceu a existência de “alguns estrangulamentos” em determinados postos consulares. Para mitigar estas dificuldades, foi delineado um plano que inclui o envio de 45 peritos para os postos consulares prioritários, com o objectivo de resolver os picos de afluência de pedidos.
Paulo Rangel afirmou que a eliminação imediata destes estrangulamentos é impraticável, mas salientou que o Governo pretende reduzir o seu impacto, garantindo a efectividade dos direitos dos cidadãos angolanos e portugueses. “Medidas concretas estão a ser implementadas para melhorar a situação, e o plano será rapidamente posto em marcha”, enfatizou.
Tal como noticiado pela Lusa, o encontro entre os ministros também serviu para avaliar o estado das relações bilaterais e preparar a visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, prevista para os dias 23 a 25 de Julho. Foram discutidos novos domínios de cooperação entre os dois países, com especial enfoque no acordo de mobilidade da CPLP, que visa assegurar aos cidadãos dos países membros o exercício pleno dos direitos previstos no acordo.
Durante a conferência de imprensa, Paulo Rangel foi questionado sobre as reparações de Portugal às ex-colónias. O ministro frisou a importância de promover uma boa relação e de sarar as feridas do passado, utilizando os erros históricos de forma pedagógica para fomentar a reconciliação.