O biólogo molecular e autoproclamado “divulgador científico” Hashem Al-Ghaili revelou um projecto ambicioso (e no mínimo mirabolante) denominado BrainBridge, com o objectivo de realizar transplantes de cabeça humana dentro de uma década, utilizando robótica avançada e Inteligência Artificial (IA) para automatizar estas cirurgias complexas.
O plano de Al-Ghaili envolve a separação precisa da cabeça de um paciente e a sua implantação num corpo doador, tal e qual como nos filmes de ficção científica. O desafio mais significativo está na reconexão da medula espinal, dos nervos e dos vasos sanguíneos, uma tarefa de extrema complexidade. O projecto BrainBridge propõe o uso de adesivos químicos patenteados e polietileno glicol para facilitar a fusão desses tecidos.
“Estou entusiasmado em anunciar o BrainBridge, o primeiro sistema do mundo para transplantes de cabeça, que integra robótica avançada e Inteligência Artificial para realizar transplantes completos de cabeça e rosto”, escreveu Al-Ghaili na rede social X. O biólogo molecular acredita que esta tecnologia pode trazer novas esperanças a pacientes com cancro e paralisia, além de possibilitar a extensão da vida humana através da transferência de cabeças para corpos mais jovens.
Al-Ghaili planeia iniciar com cirurgias bem-sucedidas de fusão da medula espinal antes de avançar para transplantes de cabeça completos. O investigador pretende recrutar os melhores profissionais médicos e enfrentar os desafios do projecto ao longo de oito anos.
Cepticismo e desafios
Apesar do entusiasmo, a proposta de Al-Ghaili enfrenta um cepticismo considerável. Embora tenham sido feitos progressos na medicina de transplantes e na reparação de nervos com células estaminais, os especialistas afirmam que ainda estamos longe de alcançar os objectivos delineados por Al-Ghaili. O biólogo molecular é também conhecido por promover projectos ‘absurdos’, como uma matriz artificial para a gestação humana, que, apesar de ser baseada em fundamentos científicos, está ainda distante de se tornar uma prática clínica.
A ideia de transplantes de cabeça já foi explorada antes. Em 2015, o neurocirurgião italiano Sérgio Canavero anunciou planos para o primeiro transplante de cabeça humana, previsto para 2017. O seu método incluía o arrefecimento da cabeça e do corpo do doador para evitar a morte celular e a utilização de um adesivo biológico especial para fundir a medula espinal. Contudo, os seus esforços não progrediram além de testes preliminares com animais e cadáveres. O seu maior feito foi a troca parcial de partes do corpo entre dois cadáveres, o que não comprovou a viabilidade do procedimento em seres vivos.
O futuro da BrainBridge
O projecto de Al-Ghaili, embora ambicioso, ainda está mais próximo da ficção do que da realidade médica actual. O futuro dirá se ele conseguirá realizar a sua visão em dez anos ou se este feito será alcançado por outros cientistas no futuro distante, lê-se no portal Sapo.
Al-Ghaili disse ao El Confidencial que, com os avanços rápidos em IA e robótica, não será surpreendente ver estes procedimentos realizados dentro do prazo previsto, e destacou que, apesar dos desafios, a ciência transforma frequentemente o impossível em realidade.