Esta pergunta é o ponto de partida para a resolução de um dos maiores problemas ambientais – a poluição pelos plásticos –, e já inspira negócios na área da sustentabilidade. A Koko Boxes é um deles.
Na 5.ª Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 2022, em Nairóbi (Quénia), foram acordadas 14 resoluções para fortalecer as acções em defesa da natureza e alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dessas resoluções, a primeira diz respeito à elaboração de um acordo internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição plástica. Para se ter uma ideia da gravidade, estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de 2023, indicam que a humanidade produz mais de 430 milhões de toneladas de plásticos anualmente, quantidade que pode triplicar até 2060. O perigo está associado ao uso excessivo e à forma inadequada como os produtos de plástico são descartados fora das vias de reciclagem.
Inger Andersen, directora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), considera que o acordo alcançado em Nairóbi foi o mais importante desde o Acordo de Paris (2015) e espera-se que, ainda este ano, passe a ser juridicamente válido. É neste contexto que surge a Koko Boxes, com alternativa ao plástico feita em Moçambique.

A transformação
Criada em 2018, por Jacira Karina Guedes Jamal – jovem moçambicana formada em Direito e que foi inspirada pela cadeira de Direito Ambiental –, a Koko Boxes é uma das poucas empresas do País que produzem artigos de uso diário que dispensam o plástico. Referimo-nos a palhinhas, copos, talheres e sacos de papel reciclado. Caixas, pastas de arquivo, recipientes e embalagens, tudo com matéria-prima ecológica que “não é nociva à saúde, nem ao meio ambiente”.
Todos os produtos que dispensam o plástico respeitam a saúde e o meio ambiente
As embalagens feitas pela Koko Boxes são biodegradáveis quando entram em contacto com a água. São um contributo importante para o equilíbrio ambiental, mas a empresária faz um apelo ao envolvimento de outros actores da sociedade, a começar pelos promotores da separação de resíduos sólidos. É preciso sensibilizar a população e criar locais de deposição apropriados. “Se os hábitos de consumo mudarem e a consciencialização aumentar, acredito que haverá uma melhoria significativa na gestão de resíduos. Na Koko Boxes vendemos os nossos produtos e, complementarmente, tentamos consciencializar a população sobre o melhor uso. E é isso que fará a diferença”, sublinhou.
Expansão está no horizonte
A jovem empresa tem 12 funcionários, uma representação e distribuição em Maputo, mas já equaciona a expansão para outros pontos do País, como Beira e Nampula, pelo facto de haver cada vez mais pessoas interessadas nos seus produtos. A empresa pretende tornar-se numa referência no fabrico de material biodegradável e diminuir a dependência em relação à importação, visto que boa parte da matéria-prima que utiliza ainda é adquirida noutros mercados. Ambiciona, igualmente, ser um impulsionador de outras empresas que pretendam investir na área, criando alternativas sustentáveis e que respeitem o meio ambiente.
Texto: Filomena Bande • Fotografia: D.R.