A empresa portuguesa Galp Energia decidiu abandonar o negócio de gás natural em Moçambique, tendo anunciando que vai vender a sua participação de 10% no consórcio que está a explorar a Área 4 da Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Em comunicado enviado nesta quarta-feira (22) à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de Portugal (CMVM) e divulgado pelo jornal português Expresso, a Galp revelou que a venda dos seus activos de exploração e produção em Moçambique à petrolífera dos Emirados Árabes Unidos Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) foi acordada por 650 milhões de dólares, o equivalente a 41 mil milhões de meticais ao câmbio actual.
Entretanto, segundo a publicação, o encaixe da Galp poderá ser maior em função de o consórcio tomar Decisões Finais de Investimento (DFI) nas componentes do projectos que poderão ser desenvolvidos.
“Se o consórcio avançar com os projectos Coral Norte e Rovuma LNG, a Galp terá direito a mais 100 milhões de dólares (6,3 mil milhões de meticais) e outros 400 milhões de dólares (25,2 mil milhões de meticais), respectivamente”, frisou.

No documento, a petrolífera portuguesa explicou que a decisão de venda das suas acções no projecto moçambicano se deve à sua “estratégia disciplinada de investimento, permitindo ao grupo não se comprometer com investimento adicional no País, num momento em que tem também encargos noutras geografias relevantes, como o Brasil e a Namíbia”.
No comunicado à CMVM, a Galp indicou que a venda à ADNOC está sujeita à obtenção de autorizações, mas deverá ser concluída ainda este ano.
A Galp iniciou os investimentos em Moçambique em 2007, assinando um acordo com a italiana Eni e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) para a exploração da Área 4, com profundidade de água que chega aos 2600 metros.
A Galp mantinha até agora uma posição de 10%. Participações semelhantes têm a ENH e a sul-coreana Kogas. Os restantes 70% pertencem à Mozambique Rovuma Venture, uma sociedade detida pela Eni, ExxonMobil e pela China National Petroleum Corporation.
“Se o consórcio avançar com os projectos Coral Norte e Rovuma LNG, a Galp terá direito a mais 100 milhões de dólares (6,3 mil milhões de meticais) e outros 400 milhões de dólares (25,2 mil milhões de meticais), respectivamente”
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.