Durante a 19.ª edição da Conferência Anual do Sector Privado (CASP) que decorre em Maputo, Yvonne Mhango, economista-chefe da agência de informação financeira Bloomberg Africa, destacou o crescimento promissor de Moçambique em relação a outros países africanos, antecipando um aumento significativo impulsionado pelo sector não mineiro e hidrocarbonetos.
A análise começou pelo cenário global da inflação, no qual Yvonne Mhango apontou uma tendência de abrandamento, especialmente nos mercados avançados. “Estamos a observar uma mudança significativa no ciclo da inflação. Nos mercados avançados, a inflação está a abrandar e a aproximar-se das metas estabelecidas, o que é um sinal positivo”, explicou. Esta mudança é fruto de políticas monetárias agressivas, principalmente nos Estados Unidos, que prevêem reduções nas taxas de juro.
Ao transitar para o cenário africano, a economista salientou que, apesar de as economias avançadas caminharem para a estabilização, os mercados emergentes enfrentam desafios com taxas de inflação substancialmente mais altas. “Isto complica o panorama económico para esses mercados, incluindo muitos países africanos”, afirmou.
Focando em Moçambique, Yvonne Mhango ofereceu uma perspectiva positiva, sublinhando o potencial de crescimento do País. “Prevê-se um crescimento de 3,8% para este ano, impulsionado por uma série de reformas e investimentos em infra-estruturas e no sector não mineiro”, destacou a economista. “Este crescimento é notável, especialmente considerando as adversidades económicas anteriores devido a factores internos e externos”, secundou.
A especialista também abordou a gestão da dívida em Moçambique, mencionando o alto índice de vulnerabilidade da dívida soberana, mas com uma perspectiva de melhoria. “As medidas que estão a ser tomadas apontam para uma estabilização da dívida nos próximos anos”, indicou, sublinhando a importância de uma gestão fiscal prudente.
Adicionalmente, a inflação moçambicana foi destacada como relativamente baixa, cerca de 4%, “o que é invejável comparativamente a outros países da região”, destacou a economista da Bloomberg, explicando que “esta estabilidade é resultado de uma política monetária restritiva eficaz pelo Banco de Moçambique”.
A apresentação concluiu com um tom de optimismo cauteloso, com a economista a reiterar a importância de Moçambique em continuar as reformas económicas, e “manter a estabilidade política para assegurar que os benefícios do crescimento sejam sustentáveis e amplamente distribuídos”.
A presente edição da CASP organizada pela Confederação das Associações Económicas (CTA), em parceria com o Governo, pretende reflectir “sobre os progressos e desafios do Pacote de Medidas de Aceleração Económica e debater as condições do ambiente de negócio, para tornar o País mais competitivo”. Serão também discutidos projectos avaliados em 75,8 mil milhões de meticais (1,7 mil milhões de dólares).
A decorrer sob o tema “Investimentos e Negócios em Ambiente das Medidas de Aceleração Económica: Desafios e Oportunidades”, o evento de três dias (15,16 e 17 de Maio) conta com 80 empresários estrangeiros, mais de 4 mil participantes presenciais e 20 mil virtuais.
De acordo com um comunicado da CTA, estão ainda presentes mais de 40 oradores nacionais e estrangeiros e delegações de mais de 12 países, como Maurícias, África do Sul, Angola, Brasil, Portugal, Holanda, França, Itália, Zimbabué, entre outros.