Vivemos tão obcecados com o “agora” que, não raramente, evitamos parar para pensar no futuro. O que pensaremos nós daqui a trinta anos sobre o que somos e fazemos hoje?
A cada decisão que tomamos e cada escolha que fazemos, estamos a condicionar o nosso próprio futuro e nem nos apercebemos disso.
Assim, aproveite os próximos minutos para ler sobre os maiores arrependimentos dos reformados e reflectir sobre os seus próprios arrependimentos, bem como sobre aqueles que gostava mesmo de não ter quando fosse velho e como evitá-los.
Não ter começado a investir mais cedo
Já temos visto noutros artigos que dinheiro gera dinheiro e que quando “está parado” desvaloriza. Infelizmente, muitas pessoas só ganham consciência desta verdade quando ela lhes cai no colo e percebem que chegaram ao final da vida com pouco mais do que aquilo que, efectivamente, puseram de parte.
Investir as poupanças é um importante passo para fazê-las render e beneficiar dos lucros na velhice. Se tem algum dinheiro de parte, pondere aplicá-lo em soluções que o façam crescer. O seu “eu” de 60 e tal anos vai, com toda a certeza, agradecer-lhe a consciência financeira.
Fazer investimentos mal informados
Quando o mundo à nossa volta nos pressiona para investirmos as nossas poupanças e as fazermos crescer, ameaçando com o fantasma da pobreza na velhice em consequência da desvalorização do dinheiro que ficou parado, é muito fácil tomarmos decisões de investimento precipitadas e mal informadas.
Se não quer acompanhar este que é um dos maiores arrependimentos dos reformados, vá com calma e informe-se bem antes de aplicar o seu dinheiro em soluções que mal conhece. Tenha sempre o cuidado de compreender os produtos financeiros em que investe, saber como eles funcionam e tomar consciência dos riscos envolvidos.
Sobretudo, não tenha problemas em investir pouco ou em produtos que rendem menos porque dão mais estabilidade: cada um sabe o que ganha, o que pode gastar e que tipo de riscos está disposto a correr, por isso escolha aquilo com o que se sente mais confortável. Desde que a sua decisão seja tomada de forma consciente, independentemente do resultado final, não vai arrepender-se tanto de tê-la tomado.
Investir em acções do próprio empregador
Esta é uma estratégia muito comum por todo o mundo e uma das causadoras dos maiores arrependimentos dos reformados.
Comprar acções da empresa onde trabalhamos parece, à primeira vista, uma estratégia segura: conhecemos a empresa por dentro, temos acesso a informação que nem em sonhos teríamos se investíssemos noutra empresa e, verdade seja dita, é a melhor forma de chegarmos ao modelo ideal do “quanto mais trabalhar e produzir, mais ganho” – porque quanto melhor for a produtividade da empresa, maior é o lucro distribuído pelos accionistas.
Esta, no entanto, pode ser uma grande armadilha. Lembre-se que os funcionários nem sempre sabem tudo sobre as empresas e que até os melhores empresários do mundo falham de vez em quando. Imagine que há uma crise económica e a sua empresa fecha: não só vai perder o emprego como também vai perder as poupanças de uma vida, porque as acções vão cair muito e desvalorizar o seu dinheiro.
Se investir na empresa onde trabalha, não ponha os ovos todos no mesmo cesto: mantenha o investimento dentro de um limite máximo de 10% das suas poupanças e aplique o resto em acções de outras empresas ou noutros produtos financeiros. Assim, se as coisas saírem mal, não corre o risco de perder tudo de um dia para o outro.
Reformar-se demasiado cedo
Claro que todos queremos descansar e evitar trabalhar até morrer, mas os sistemas de Segurança Social têm um limite de sustentabilidade e penalizam os cidadãos que pedirem a reforma antes de chegarem à idade legal para o fazer.
Pedir a aposentação antes da data legalmente prevista pode resultar numa penalização grave na reforma, e esse é um dos maiores arrependimentos dos reformados – quando, a longo prazo, olham para trás, concluem que tinha sido mais benéfico esperar mais dois ou três anos pela reforma e viver o resto da vida com mais alguns meticais no bolso.
Assim, o conselho mais usual que estas pessoas dão é o de continuarmos a trabalhar enquanto nos sentirmos capazes de o fazer, porque isso fará toda a diferença no momento em que o corpo deixar de ser produtivo e precisarmos de nos sustentar apenas com o que o Estado nos dá todos os meses.
Focar-se apenas no planeamento financeiro da reforma
Reformar-se não é apenas deixar de trabalhar: é parar por completo. Este é, muitas vezes, um problema para as pessoas mais activas e o causador dos maiores arrependimentos dos reformados.
É comum as pessoas sentirem-se “perdidas” quando se reformam: de repente, já não têm obrigações, nem horários, nem objectivos. Não há um motivo para acordarem de manhã nem um plano para cumprirem ao longo do dia. Sentem-se sozinhas, aborrecidas e, não raramente, até inúteis.
Assim, quando preparar a reforma lembre-se de que não está a pensar apenas no seu sustento, mas também no seu dia-a-dia e na sua ocupação. O que vai fazer quando sair da empresa?
Garanta que, em vez de abandonar a actividade, vai trocá-la: deixar o seu emprego para dedicar-se a outra coisa. Pode ser um passatempo, uma actividade voluntária ou um pequeno negócio próprio – na verdade, tanto faz, já que, se tiver feito um correcto planeamento financeiro, basta que esteja a fazer o que gosta e não terá de se preocupar com o facto de render dinheiro ou não.
Planear a reforma do ponto de vista da ocupação é essencial para garantir que, além de uma boa situação financeira, fica numa boa situação emocional.
Se não quer partilhar dos maiores arrependimentos dos reformados, está na hora de olhar para a vida que leva hoje e reflectir sobre as alterações necessárias para que o destino não seja diferente daquilo que sonha.
Fonte: Ekonomista