A consultora Oxford Economics considerou que o ‘rating’ de Moçambique vai continuar no grau especulativo nos próximos trimestres, argumentando que as agências de notação financeira ainda não confiam o suficiente para melhorar a avaliação.
“Os desenvolvimentos recentes na economia de Moçambique não deram confiança suficiente às agências de ‘rating’ para melhorarem a opinião sobre a qualidade de crédito soberano do País ou a perspectiva de evolução da nota”, escreveram os analistas do departamento africano da consultora Oxford Economics.
Segundo a entidade, a avaliação do risco de crédito continuará perto do grau “extremamente especulativo” até o País implementar “as prometidas reformas orçamentais e o gás natural liquefeito potenciar o crescimento económico”.
Num documento divulgado neste domingo (28), pela Lusa, a consultora fundada pela Universidade de Oxford explicou que apesar do robusto crescimento devido à expansão do sector do gás natural, a posição orçamental de Moçambique não melhorou substancialmente, salientando que o Governo está confrontado com “enormes desafios, como a pobreza extrema, desastres climáticos, violência de insurgentes, aumento dos níveis de endividamento interno e subida dos custos de servir (pagar juros) a dívida”.
“Vai demorar até que o Governo implemente reformas orçamentais que levam a uma redução da despesa com os funcionários públicos e a dívida pública. Além disso, as receitas do gás também serão limitadas a médio prazo, por isso uma subida do ‘rating’ a curto prazo é improvável”, acrescentou.
A avaliação do risco de crédito continuará perto do grau “extremamente especulativo” até o País implementar “as prometidas reformas orçamentais e o gás natural liquefeito potenciar o crescimento económico”.
Na semana passada, a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) decidiu manter o ‘rating’ de Moçambique em CCC+, com as boas perspectivas de exportação de gás a partir de 2028 a serem anuladas pelos elevados riscos financeiros actuais.
“As perspectivas orçamentais e económicas de longo prazo são positivas, desde que os megaprojectos de gás comecem a dar apoio a partir de 2028, mas os riscos de uma potencial troca problemática de dívida ou mais atrasos nos pagamentos da dívida continuam elevados se não houver um abrupto ajustamento orçamental”, escreveram os analistas da S&P.
Na nota que dá conta da manutenção do ‘rating’ em CCC+, o terceiro mais baixo na escala de avaliação da qualidade do crédito soberano, com perspectiva de evolução estável, a S&P argumentou que “Moçambique continua a enfrentar desafios de fluxos de liquidez, como demonstrado pelos atrasos nos pagamentos aos credores em 2023 e pela acumulação de atrasos nos pagamentos aos fornecedores e empreiteiros”.
A nota CCC+ é a terceira mais baixa a seguir ao Incumprimento Financeiro (ou ‘default’) e está dois níveis abaixo da recomendação de investimento.