O Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou nesta quarta-feira (17), à disponibilidade dos países mais desenvolvidos para converterem a dívida dos países africanos em investimentos no clima, já que estes são os que menos poluem e mais consequências enfrentam.
“Moçambique, como muitos países africanos, está na lista dos que menos têm contribuído para as mudanças climáticas, mas, ao mesmo tempo, está entre os que mais sofrem dos seus efeitos negativos, como secas, cheias e ciclones frequentes que contribuem para o aumento da insegurança alimentar, escassez de água e deslocação de pessoas em grande escala”, alertou o estadista citado pelo Notícias ao Minuto.
Falando durante a cerimónia de encerramento da Conferência Internacional sobre o Maneio Sustentável e Integrado da floresta do Miombo, evento que decorreu em Washington, nos Estados Unidos da América, o chefe do Estado avançou que no âmbito da conservação ambiental, o País já mapeou 64 projectos de redução de emissões e pretende que o sector privado participe activamente no desenvolvimento dos mesmos, estando agora à procura de financiamento.
“Juntamente com os parceiros de cooperação, estamos agora a tentar sensibilizar diferentes sectores sobre as modalidades mais justas que permitam a transformação da dívida dos países em financiamento climático, para libertar recursos que possam ser investidos em programas de conservação do ambiente”, apontou.
“Auguramos que este promissor evento tenha sido um espaço privilegiado para a discussão, de forma aberta e profunda, sobre questões relacionadas com a transição energética, gestão de recursos hídricos e florestais, pagamento por serviços e ecossistemas de conservação da biodiversidade e sobre as soluções concretas que tenham sido identificadas para garantir a sustentabilidade da floresta de Miombo e desenvolvimento socioeconómico dos nossos povos”, sustentou.
“Acreditamos que esta conferência reflecte que a floresta do Miombo não é apenas prioridade para os países signatários da Declaração de Maputo, mas também para todos os habitantes do planeta Terra”, concluiu.
A Declaração de Maputo sobre a floresta do Miombo, assinada por Moçambique, Angola, Botsuana, Maláui, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, estabelece prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo.
A floresta fornece inúmeros bens e serviços que garantem a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes destes países, incluindo pastagens tropicais e sub-tropicais, moitas e savanas, constituindo o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo. É responsável pela manutenção do Grande Zambeze, uma das mais importantes bacias hidrográficas transnacionais.
Segundo os dados avançados em 2023 pelo director nacional de Florestas, Cláudio Afonso, Moçambique perde todos os anos 267 mil hectares de florestas, sendo que, no País, elas se alargam da parte norte de Inhambane às províncias de Manica, Tete, Sofala e Zambézia, na zona centro, e Nampula, Niassa e Cabo Delgado, na região norte.
O evento organizado pela International Conservation Caucus Foundation (ICCF) e pela Wildlife Conservation Society (WCS), em parceria com o Governo de Moçambique, resulta de uma iniciativa implementada em Agosto de 2022, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante a assinatura da Declaração de Maputo sobre a floresta de Miombo.