O cumprimento de padrões internacionais ambientais é essencial para mobilizar financiamento para o projecto da futura Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, no centro de Moçambique, orçada em 4,5 mil milhões de euros, disse esta terça-feira, 16 de Abril, o responsável pelo empreendimento.
“Se nós não obedecermos a isso [às exigências ambientais], mais difícil será o financiamento”, disse aos jornalistas o director do gabinete do Projecto da Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, Carlos Yum, citado pela agência Lusa.
O responsável falava à margem das Reuniões de Primavera do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que decorrem em Washington.
“Hoje em dia, estas instituições financeiras internacionais, sejam multilaterais ou comerciais, têm a obrigação de, no seu balanço, terem bem visíveis estas preocupações sociais e ambientais”, acrescentou.
Referindo-se ao facto de a futura Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa ter como base a fonte hídrica, o responsável assinalou que o peso daquele recurso na transição energética também torna atractivo o financiamento do empreendimento.
Carlos Yum defendeu que o projecto tem também compromissos com a componente social, nomeadamente o reassentamento das populações dentro da lei e a boa governança. “Isso é parte do nosso ADN e quanto melhor cumprirmos estas premissas, melhor é a qualidade de financiamento”, enfatizou, acrescentando que o projecto está estruturado de forma credível para mobilizar os recursos necessários ao seu desenvolvimento.
O empreendimento vai levar cinco anos a ser construído e prevê-se que comece a operar em 2031. Será composto por uma central hidroeléctrica com capacidade de produção de 1500 megawatts e por uma linha de transporte de alta tensão com 1350 a 1400 quilómetros, que vai sair de Tete, no centro de Moçambique, até Maputo.
Em Dezembro último, o Governo e um consórcio liderado pela Electricidade de França (EDF) assinaram acordos para a implementação do projecto. O consórcio internacional é constituído também pela petrolífera francesa TotalEnergies e pela japonesa Sumitomo Corporation, detendo conjuntamente 70% da hidroeléctrica. Em representação do Estado moçambicano, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e a Electricidade de Moçambique (EDM) detêm os restantes 30%.
Com a entrada em funcionamento de Mpanda Nkuwa, a HCB continuará a ser a maior do País, com capacidade de produção actual de 2075 MW.