O Governo japonês disponibilizou um total de 1,7 milhões de dólares (equivalente a 107,4 milhões de meticais) para ajuda humanitária aos afectados pela insurgência e pelas mudanças climáticas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
“Prevê-se que o financiamento beneficie 16 750 pessoas vulneráveis que fugiram à violência armada na província, sobretudo nos distritos de Quissanga, Mocímboa da Praia e Palma, estes que estão na lista dos mais atingidos pelas incursões rebeldes que desde 2017 têm assolado aquela parcela do País”, avançou Keiji Hamada, embaixador do Japão em Moçambique.
Citado num comunicado, divulgado pela Lusa, o responsável explicou que o apoio visa garantir que as pessoas tenham novos meios de subsistência baseados na agricultura, para melhorar a segurança alimentar e nutricional, destacando que a verba será gerida por três agências das Nações Unidas – a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
“Esta acção permite-nos abordar directamente as necessidades urgentes dos retornados para que haja uma reconstrução eficaz em todos os aspectos”, destacou.
Por sua vez, o representante da FAO em Moçambique, José Fernandez, considerou que Cabo Delgado enfrenta “desafios complexos”, tanto de conflitos, como de eventos climáticos, pelo que o apoio do Japão vai “ajudar a reconstruir e melhorar os meios de subsistência, concentrando-se na segurança alimentar e nutricional destas comunidades de forma sustentável”.
Já a chefe da missão da OIM, Laura Tomm-Bonde, argumentou que a entidade que representa está disposta a trabalhar para fortalecer a resiliência e promover soluções duradouras para os retornados e comunidades de acolhimento em áreas de conflito”.
A província de Cabo Delgado enfrenta ataques terroristas há mais de seis anos, que levaram a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projectos do gás.
Depois de um período de relativa estabilidade, novos ataques e movimentações foram registados nas últimas semanas, levando entidades estrangeiras a restringirem as viagens para aquele ponto do País.