O Crédit Agricole anunciou na segunda-feira que não financiará dois grandes projectos de gás natural liquefeito (GNL), invocando compromissos de abandonar o financiamento de novos projectos de combustíveis fósseis. Esta decisão surge na sequência da pressão exercida sobre os bancos por grupos ambientalistas, que têm vindo a pedir a reorientação dos investimentos, desviando-os dos projectos de óleo e gás, que contribuem para o aquecimento global. Outros bancos como o Barclays, o HSBC e o BNP Paribas já restringiram o financiamento ao sector de óleo e gás.
O banco francês revelou então que não irá financiar o projecto Rovuma LNG, em Moçambique, liderado pelas majors Exxon Mobil e Eni, bem como o projecto de GNL na Papua Nova Guiné, que conta com o apoio da TotalEnergies, Santos e Exxon Mobil. O Crédit Agricole foi o conselheiro financeiro original tanto para o projecto Papua LNG como para o Rovuma LNG.
A Exxon Mobil e a TotalEnergies não responderam aos pedidos de comentário por parte da Agência Reuters, e permanece incerto se a decisão do Crédit Agricole afectará os cronogramas de desenvolvimento dos projectos. “A decisão de não financiar o projecto é um golpe sério para o mesmo e para a TotalEnergies, podendo comprometer a sua capacidade de financiamento”, afirmou Lucie Pinson, da Reclaim Finance, referindo-se à instalação de exportação de GNL da Papua.
Caso outro banco deseje intervir e assumir o papel, terá de iniciar o processo desde o início, acrescentou Pinson. “O Crédit Agricole deve agora demonstrar consistência e cessar o apoio ao projecto de GNL em Moçambique que a TotalEnergies procura actualmente relançar”, disse Lorette Philippot, activista financeira da Friends of the Earth França.
As empresas de petróleo e gás lançaram projectos de GNL para acomodar a procura pelo gás refrigerado, prevendo-se que aumente 50%, atingindo cerca de 650 milhões de toneladas métricas por ano até 2040. Uma série de novos projectos de construção na Ásia, Catar, Canadá, México e Estados Unidos competirá por compradores.
Com os anúncios por parte de bancos na Europa e fundos de pensões nos Estados Unidos, a angariação de capital torna-se mais desafiante, referiu uma pessoa familiarizada com o financiamento do desenvolvimento.