Os países da África Subsaariana vão ter de pagar cerca de 5 mil milhões de dólares (316 mil milhões de meticais) de dívida vencida este ano, um valor que aumenta para 6 mil milhões de dólares (379 mil milhões de meticais) no próximo ano, fomentando o regresso aos mercados internacionais, informou este sábado, 16 de Março, a agência Lusa.
No caso de Angola, a Bloomberg escreve que o país terá de pagar uma dívida de 864 milhões de dólares (54,6 mil milhões de meticais) no final do próximo ano, o que encoraja as autoridades a voltarem aos mercados para sustentar este pagamento, num contexto de degradação das condições económicas internas, mas de melhoria das condições de financiamento nos mercados internacionais.
A análise da Bloomberg surge poucos dias depois de o Ministério das Finanças de Angola ter anunciado que pretende fazer uma emissão de dívida em moeda estrangeira, precisando que o processo usado será o de ‘bookbuilding’, ou seja, avaliação prévia do interesse do mercado.
O comunicado datado de 7 de Março anuncia que o Executivo “pretende realizar uma emissão de Títulos do Tesouro Nacional em Moeda Externa, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos”.
A operação é aberta a todos os interessados, anuncia o Governo angolano, sem adiantar datas nem montantes.
As maturidades serão de sete e dez anos, com vencimentos em Outubro e Novembro de 2031, e Julho e Dezembro de 2034, respectivamente, e os títulos a emitir pagarão cupões numa base semestral, detalha-se ainda na nota.
“A enfraquecida posição externa de Angola vai obrigar o país a ir aos mercados para pagar o título de 864 milhões de dólares (54,6 mil milhões de meticais) que vence no final de 2025”, escreve a Bloomberg, notando que “as receitas caíram, diminuindo o actual excedente da balança corrente em um terço, e os pagamentos de dívida à China recomeçaram em 2023”, depois do final da iniciativa de suspensão do serviço da dívida, criada no contexto da pandemia para ajudar os países a enfrentarem o aumento das despesas com a saúde.
O anunciado regresso de Angola aos mercados segue o exemplo de vários países da região que voltaram a emitir dívida pública desde o princípio do ano, num movimento iniciado pela Costa do Marfim e seguido já pelo Benim e Quénia, a que se deverão juntar Nigéria, Angola, África do Sul e Gabão, conclui a Bloomberg.