A Associação dos Pescadores Industriais de Moçambique manifestou, na quinta-feira passada, 14 de Março, a sua preocupação com a mineração de areias pesadas ao longo da costa moçambicana, sobretudo em Pebane, província central de Zambézia, considerada a mais produtiva zona pesqueira do País.
Segundo a Agência de Informação de Moçambique, a preocupação foi apresentada à ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP), Lídia Cardoso, pelo representante dos pescadores industriais, Muzila Nhatsave, em Maputo, durante a abertura oficial da campanha de pesca 2024.
“É motivo da nossa apreensão o facto de ser a zona mais produtiva neste momento. As más experiências dos distritos de Moma e Larde, onde após o início desta actividade a frota deixou de ir devido à inexistência de recursos, deve merecer a nossa reflexão”, referiu o representante.
A associação diz ter ficado mais preocupada depois de tomar conhecimento da exploração de areias pesadas nos distritos de Chinde, Quelimane, Inhassunge, Namacurra, Maganja da Costa e Mocubela, todos em águas rasas da província de Zambézia com recurso a dragagem, uma técnica que considerada muito nociva.
“A agravante é o processamento estar a ser feito a bordo, com os resíduos a serem devolvidos ao mar após processos físicos e químicos”, salientou Muzila Nhatsave, que arrolou os danos causados ao ambiente, incluindo a sua perturbação devido ao ruído do navio de mineração, emissão de poluentes, poluição das águas e circulação costeira resultante da escavação.
A fonte apontou também para danos de carácter biótico. “Esta actividade irá provocar, no ambiente físico, danos como a perturbação de habitats, erosão costeira, assoreamento e perturbação da fauna marinha”, acrescentou o responsável pela associação.
Muzila Nhatsave considerou o cenário prejudicial para o País, pois não está prevista a construção de qualquer infra-estrutura de manuseamento ou agregação de valor ao produto, devendo a produção ser baldeada para um barco-mãe ancorado no alto mar através de barcaças – outro perigo para a contaminação no meio aquático.
“Voltamos a alertar que não podemos perder nunca de vista que as Pescas, a par da Agricultura, constituem fontes de subsistência e de renda da maioria da nossa população. É preciso ter isso em conta na tomada de decisões, as consequências sociais e políticas que a falta de recursos pode trazer”, alertou Nhatsave.