Moçambique encontra-se num ponto crucial da sua trajectória energética, possuindo uma riqueza de recursos que inclui hidro, solar, eólica, carvão e gás natural. Entre as iniciativas notáveis está o projecto hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa e a barragem de Cahora Bassa, ambos reconhecidos como fontes potenciais de electricidade económica não só para Moçambique, mas também para a região.
A Agência Internacional de Energia (2022) sublinha a importância duradoura da hidroelectricidade em melhorar a flexibilidade dos sistemas de energia de África. Até 2020, a hidroelectricidade contribuiu com 16% da produção de electricidade do continente, com a maior parte (90%) da geração localizada na África Subsaariana, particularmente em nações como Angola, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Moçambique e Zâmbia. Olhando para o futuro, na região da África Austral, espera-se que a hidroelectricidade constitua um quarto da capacidade de fornecimento flexível total até 2030, quase duplicando a sua capacidade para quase 80 GW.
O Governo moçambicano está a embarcar em políticas mais adaptativas e reformas orientadas para o mercado, destinadas a abordar os desafios de desempenho e a fomentar o desenvolvimento geral do sector de Energia. Em linha com as tendências em várias nações da África Subsaariana, a reestruturação do sector de energia de Moçambique continua a ser um processo em curso, caracterizado por uma presença estatal significativa.
Moçambique deve alinhar as suas políticas e regulamentos para fomentar o crescimento da infra-estrutura de armazenamento de energias
O potencial de geração de electricidade do País, em relação a muitas nações da África Austral, posiciona-o como um potencial pólo energético regional, oferecendo oportunidades atractivas para para investimento, catalisando, assim, avanços socioeconómicos.
Impulsionado por ambições de desenvolvimento sustentável e alívio da pobreza, Moçambique está a enfrentar desafios substanciais em garantir electricidade fiável, acessível para a sua população. Isto sublinha a necessidade de um exame aprofundado da paisagem energética de Moçambique, mergulhando no seu potencial, estado actual, obstáculos e oportunidades na realização da electrificação universal e no fomento da sustentabilidade sectorial. A abordagem do papel das soluções de armazenamento de energia e o potencial de lítio e grafite do País emergem como centrais para impulsionar Moçambique para a vanguarda da fabrico de baterias, revolucionando assim o seu sector de Energia e alimentando o crescimento económico.
Os decisores políticos permanecem firmes nos seus esforços para enfrentar questões persistentes relacionadas com o acesso inadequado à electricidade e a fiabilidade do fornecimento, que têm prejudicado o progresso do desenvolvimento do continente. De acordo com o Africa Energy Outlook (2019), aproximadamente 600 milhões de africanos, quase metade da população, não tinham acesso à electricidade em 2018. Além disso, cerca de 80% das empresas na África Subsaariana enfrentaram interrupções regulares de electricidade, resultando em perdas económicas significativas.
Com o continente a estabelecer objectivos ambiciosos de energia renovável, Moçambique deve alinhar as suas políticas e regulamentos para fomentar o crescimento da infra-estrutura de armazenamento de energia, garantindo a estabilidade do fornecimento. Políticas críticas, como tarifas de alimentação e iniciativas de modernização da rede, são indispensáveis para incentivar o investimento em tecnologias de armazenamento de energia. Cultivando um ambiente propício para os sectores público e privado, Moçambique pode acelerar projectos e abordar restrições de transmissão. Para uma maior eficiência, tanto das alocações de investimento fora da rede, quanto na rede, as soluções de armazenamento de energia são fundamentais e oferecem caminhos para a mudança de energia, estabilidade de frequência e qualidade de electricidade aprimorada, cruciais para atender às demandas do mercado e garantir a segurança energética.
Para abordar eficazmente estes desafios, o País deve priorizar o investimento em infra-estruturas, incluindo projectos de extensão da rede e soluções fora da rede através de esforços concertados entre o sector público e privado. Além disso, as vastas reservas de gás natural do País apresentam uma vantagem competitiva, actuando como catalisador para o desenvolvimento industrial, melhoria dos meios de subsistência e uma transição para a energia limpa. A colaboração com parceiros internacionais e o reforço dos quadros de governança são imperativos para atrair investimento e mitigar impactos ambientais e sociais associados à extracção mineral e projectos energéticos. Empoderar o sector privado para investir em iniciativas de energia renovável pode impulsionar a inovação e o crescimento económico em vários sectores.
O vasto potencial de lítio e grafite de Moçambique coloca o País numa posição privilegiada na paisagem da fabricação de baterias, oferecendo perspectivas únicas para o crescimento económico e avanço tecnológico. Com a procura global por baterias de iões de lítio a disparar, Moçambique tem o potencial de emergir como um actor-chave na cadeia de fornecimento de baterias. Parcerias estratégicas com investidores internacionais e avanços na tecnologia de fabrico de baterias podem ainda realçar a posição de Moçambique no mercado global, impulsionando a industrialização, criação de emprego e receitas de exportação.
Em suma, Moçambique está num momento crucial da sua evolução energética, equipado com recursos abundantes, objectivos ambiciosos e oportunidades transformadoras. Ao abordar eficazmente as barreiras ao acesso à energia e à sua fiabilidade, aproveitando o potencial das fontes de energia renovável e alavancando os seus recursos de lítio e grafite, Moçambique pode desbloquear o seu pleno potencial energético e liderar o desenvolvimento sustentável e a prosperidade para os seus agentes económicos.