Moçambique piorou o seu desempenho no Corruption Perceptions Index, um relatório publicado anualmente pela Transparency International, descendo três posições face ao ano passado. O País ficou classificado no 145.º lugar, entre os 180 países do mundo analisados. Se considerarmos apenas o continente africano, Moçambique é o 36.º classificado entre 53 nações, o que continua a ser um resultado modesto.
O Corruption Perceptions Index, publicado desde 2001 pela Transparency International, com sede na Alemanha, é o indicador mais utilizado para medir o nível de transparência no mundo. O índice analisa o desempenho de 180 países e os resultados variam desde o zero (o nível mais alto de corrupção) até aos 100. É baseado em sondagens a peritos locais que trabalham com o sector público e nos indicadores de organizações como o Banco Mundial, o Economist Intelligence Unit, o Banco Africano para o Desenvolvimento e a Fundação Bertelsmann.
A última edição do relatório, lançada a 31 de Janeiro, não prima pelo optimismo. Dois terços dos países (nos quais vive 80% da população mundial) registaram pontuações abaixo de 50 (a média mundial é 43), o que revela sérios problemas de corrupção; 28 alcançaram melhorias e 34 pioraram consideravelmente. O crescimento dos regimes autoritários, o declínio dos sistemas judiciais e dos mecanismos de controlo dos governos são os principais factores apontados.
Moçambique ocupa o 145.º lugar no ranking mundial da transparência
A situação na África Subsaariana é ainda mais preocupante, com 90% dos países a registarem pontuações abaixo de 50 e com uma média regional de 33. As ilhas Seicheles (score 71) continuam a ser o melhor país da região, seguidas por Cabo Verde (64) e Botsuana (59). A Guiné Equatorial (17), o Sudão do Sul (13) e a Somália (11) apresentam os resultados mais baixos, sem sinais de melhoria. Os destaques pela positiva vão para as Ilhas Seicheles (mais 16 pontos desde 2015), Tanzânia (mais 10) e Costa do Marfim (mais 8). Também Angola, apesar de ter partido de uma classificação muito baixa, melhorou 14 pontos desde 2018. Pela negativa, a Libéria é o país com a pior evolução (menos 12 pontos desde 2016), seguida de Mali e Gabão (ambos com quedas de sete pontos em igual período).
Moçambique registou uma pontuação no índice de 25, equivalente ao 145.º lugar mundial e ao 36.º a nível africano, em igualdade pontual com Libéria, Nigéria e Madagáscar. O País apresenta uma descida de três posições face ao relatório do ano anterior (estava no 142.º lugar com um score de 26), invertendo assim uma tendência de melhoria iniciada em 2019, após ter atingido a pontuação mais baixa (23) em 2018. Entre os países que falam português, está pior do que Cabo Verde (30.º lugar), Portugal (34.º), São Tomé e Príncipe (67.º), Timor Leste (70.º), Brasil (104.º) e Angola (121.º) e apenas melhor do que a Guiné-Bissau (158.º).
Dinamarca é o menos corrupto do mundo pela sexta vez consecutiva
O topo da lista é dominado pelos países com democracias estáveis e instituições fortes. Pelo sexto ano consecutivo, a Dinamarca lidera o ranking, com 90 pontos. Seguem-se a Finlândia e a Nova Zelândia com scores de 87 e 85, respectivamente. Noruega (84), Singapura (83), Suécia (82), Suíça (82), Países Baixos (79), Alemanha (78) e Luxemburgo (78) completam o top 10. Já os países que enfrentam conflitos militares, liberdades restritas e instituições menos sólidas tendem a obter piores resultados. Este ano, a Somália (11), Venezuela (13), Síria (13) e Sudão do Sul (13) estão na parte inferior do índice. Iémen (16), Nicarágua (17), Coreia do Norte (17), Haiti (17), Guiné Equatorial (17), Turquemenistão (18) e Líbia (18) são os países seguintes com um desempenho mais baixo.
A TRANSPARÊNCIA NO MUNDO…
1. Dinamarca 90
2. Finlândia 87
3. Nova Zelândia 85
4. Noruega 84
5. Singapura 83
6. Suécia 82
7. Suíça 82
8. Países Baixos 79
9. Alemanha 78
10. Luxemburgo 78
.. E NO CONTINENTE AFRICANO
1. Seicheles 71 (20.º)
2. Cabo Verde 58 (30.º)
3. Botsuana 59 (39.º)
4. Ruanda 53 (49.º)
5. Maurícias 51 (55.º)
6. Namíbia 49 (59.º)
7. S. Tomé e Príncipe 45 (67.º)
8. Benim 43 (70.º)
9. Gana 43 (70.º)
10. Senegal 43 (70.º)
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36. Moçambique 25 (145.º)
Pontuação varia de 0 a 100 (quanto mais alta, mais transparente é o país). Entre parêntesis a classificação a nível mundial.
Fonte: Transparency International, 2024
Texto: Jaime Fidalgo