O Governo garantiu no domingo, 18 de Fevereiro, que haverá responsabilização através das entidades competentes, caso se prove que houve desvio de fundos na empresa estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), conforme denunciou a consultora sul-africana, Fly Modern Ark (FMA).
O primeiro-ministro, Adriano Maleiane, afirmou que o Executivo está “por dentro” do assunto relacionado com o suposto desvio de verbas, clarificando que “se ficar provado que foram violadas as regras de gestão, há espaço para punição dos implicados”.
“Caso se prove que a regra de gestão foi violada, tal será corrigido, e há instrumentos legais e financeiros para a resolução do problema, de modo que se evite o surgimento de outros. Vamos ajudar a empresa e os gestores a encontrarem o caminho correcto”, explicou.
Maleiane enfatizou que o Governo está a esforçar-se para tornar a LAM numa empresa modelo. “Temos de compreender que uma empresa pode ter momentos bons e momentos maus, e o importante é identificar os erros e resolvê-los, porque é assim que tem de ser, sobretudo quando se trata de uma instituição pública”.
Na segunda-feira (12), a consultora contratada para recuperar a Linhas Aéreas de Moçambique denunciou um esquema de desvio de dinheiro em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (POS) não pertencentes à companhia.
“Fizemos um trabalho relâmpago com a segurança interna da LAM, durante o qual recolhemos todos os POS nos 20 pontos de venda de bilhetes. Há algumas lojas onde os próprios chefes dos estabelecimentos não reconhecem as máquinas e dizem não saber sequer a quem pertencem”, declarou o director do projecto de reestruturação, Sérgio Matos.
O responsável avançou que a inspecção verificou casos suspeitos na recolha de dinheiro vivo nas lojas e no abastecimento de combustível às aeronaves.
“Uma aeronave tem capacidade máxima de combustível na ordem de 80 mil litros, o que nós chamamos também de 80 toneladas. No entanto, constatámos que a mesma está a ser abastecida com 95 toneladas. Logo, a questão é saber por onde as 15 toneladas restantes estão a entrar”, questionou.
Além destas anomalias, o director denunciou a descoberta de uma conta no Maláui com 1,2 milhões de dólares, a que ninguém na companhia tem acesso.
“Ninguém sabe como movimentar ou tirar este valor. Há situações de funcionários que usam ou usaram fundos da companhia para compra de casas próprias”, secundou.
A LAM está num processo de revitalização, com a Fly Modern Ark na sua gestão, desde Abril do ano passado. A estratégia da empresa segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos.
A rede de voos da LAM conta com 12 destinos no mercado doméstico. A nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar-Es-Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, enquanto Lisboa é, desde 12 de Dezembro, o único destino intercontinental.
Diariamente, a companhia aérea realiza mais de 40 voos, operados através da sua frota composta por um Boeing 737, três Q400, dois Bombardier CRJ 900 e dois Embraer 145 operados pela sua subsidiária Moçambique Expresso (MEX).