O Comité de Trabalhadores da empresa Linhas Áreas de Moçambique (LAM) pede “responsabilização exemplar” de qualquer funcionário envolvido na “delapidação” da transportadora aérea. No entanto, critica a divulgação dos casos de desvios e sabotagem apenas pela comunicação social.
“O sindicato não é a favor e nem apadrinha os trabalhadores, gestores da base ao topo, que delapidam e se apropriam de forma indevida do património da LAM, e encoraja a responsabilização exemplar de qualquer que seja o prevaricador, pelos competentes órgãos internos e externos”, avança a entidade através de um comunicado.
No documento, reitera-se que, “havendo provas materiais da existência de presumíveis sabotadores, estes devem ser identificados, investigados e responsabilizados de acordo com a Lei do Trabalho e o Regulamento Interno da Empresa”.
Os trabalhadores recordam que “o sindicato é o órgão que por direito deve ser informado em primeira instância de todas as matérias relacionadas com os trabalhadores e, sobre este assunto, não teve informações, nem da parte da Fly Modern Ark nem da direcção-geral da LAM”.
Nesta segunda-feira (12), a consultora contratada pelo Governo para recuperar a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) denunciou um esquema de desvio de dinheiro em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (POS) não pertencentes à companhia.
“Fizemos um trabalho relâmpago com a segurança interna da LAM, durante o qual recolhemos todos os POS nos 20 pontos de venda de bilhetes. Há algumas lojas onde os próprios chefes dos estabelecimentos não reconhecem as máquinas e dizem não saber sequer a quem pertencem”, declarou o director do projecto de reestruturação, Sérgio Matos.
O responsável avançou que a inspecção verificou casos suspeitos na recolha de dinheiro vivo nas lojas e no abastecimento de combustível às aeronaves.
“Uma aeronave tem capacidade máxima de combustível na ordem de 80 mil litros, o que nós chamamos também de 80 toneladas. No entanto, constatámos que a mesma está a ser abastecida com 95 toneladas. Logo, a questão é saber por onde as 15 toneladas restantes estão a entrar”, questionou.
Além destas anomalias, o director denunciou a descoberta de uma conta no Maláui com 1,2 milhões de dólares, a que ninguém na companhia tem acesso.
“Ninguém sabe como movimentar ou tirar este valor. Há situações de funcionários que usam ou usaram fundos da companhia para compra de casas próprias”, secundou.
A LAM está num processo de revitalização, com a Fly Modern Ark na sua gestão, desde Abril do ano passado. A estratégia da empresa segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos.
A rede de voos da LAM conta com 12 destinos no mercado doméstico. A nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar-Es-Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, enquanto Lisboa é, desde 12 de Dezembro, o único destino intercontinental.
Diariamente, a LAM realiza mais de 40 voos, operados através da sua frota composta por um Boeing 737, três Q400, dois Bombardier CRJ 900 e dois Embraer 145 operados pela sua subsidiária Moçambique Expresso (MEX).