A Embaixada da França em Moçambique apelou aos cidadãos franceses para não viajarem para os distritos de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, na província de Cabo Delgado, norte do País, devido à ameaça de ataques terroristas.
Numa informação publicada no seu site, a entidade diplomática refere que existe um alto risco de emboscadas nas principais estradas que dão acesso aos distritos daquela província, incluindo em algumas regiões da província de Nampula.
“Na sequência das acções que custaram a vida a várias pessoas no ano passado, no norte da província de Nampula, e que tiveram como alvo a missão católica de Chipene, é também recomendado não se deslocar aos distritos Erráti, Memba, Nacaroa, Muecate, Monapo e Meconta, e não utilizar as estradas localizadas a norte da rota principal Nampula-Nacala”, apelou.
Segundo a instituição, depois dos ataques terroristas de grande escala nos últimos três anos, a situação de segurança mantém-se degradada. “Muitas pessoas que fugiram dessas acções continuam deslocadas”.
O alerta surge depois de o presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, ter avançado durante a apresentação dos resultados de 2023, que a empresa espera recomeçar até ao final do presente ano as actividades na bacia do Rovuma.
“Estamos a monitorizar o terreno, a população civil já está de volta e verificamos uma certa normalidade. Existem algumas questões de engenharia por resolver, mas espero recomeçar o projecto até final do ano. O que não queremos que aconteça é fazer as pessoas voltarem a Cabo Delgado para, de seguida, forçá-las a sair, factor que seria muito complexo”, clarificou.
Pouyanné enfatizou ainda que a TotalEnergies tem feito progressos com os fornecedores e com os diferentes empreiteiros, estes interessados em reactivar o projecto.
“Estamos a mobilizar novamente os empreiteiros e não estamos longe de ter tudo pronto para voltar a Moçambique e recomeçar as obras. Agora é preciso reactivar as instituições financeiras em todo o mundo”, disse.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, todas localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.