“Os investimentos em energia renovável em África estão a ser prejudicados pela falta de garantias de empréstimos dos governos, ao mesmo tempo que o Fundo Monetário Internacional mantém rédea curta sobre o endividamento dos países”, afirmou o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, na quarta-feira (14).
“Actualmente, os projectos de electricidade em África sofrem de “um problema de solvência… existe o risco de não serem pagos. Por isso, quando um promotor de energias renováveis quer desenvolver um projecto, e é óbvio que há um enorme potencial, ele vai falar com o Governo para pedir garantias”, explicou.
“Mas os governos africanos dirão que não são capazes de fornecer essas garantias porque o FMI está a chegar e dir-lhes-á ‘não as dêem, pois já estão demasiado endividados’.
Patrick Pouyanne, que falava Reunião Ministerial de 2024 da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que decorreu nos dias 13 e 14, em Paris, no painel Government Industry Dialogue, dedicado à energia renovável em África, afirmou que, como resultado desta circunstância, a TotalEnergies ficou limitada principalmente a projectos de mineração B2B, por ser um sector onde se sabe que os pagamentos serão efectuados.
A petrolífera francesa tem operações de petróleo e gás em 40 países africanos, além de dois parques solares no Egipto, com planos para construir uma central hidreléctrica em Moçambique e um projecto de energia solar e armazenamento de baterias na África do Sul.
Os seus projectos globais de energia renovável totalizavam 22 GW de capacidade instalada até ao final de 2023 (a maior entre as grandes petrolíferas), e situavam-se na América Latina, Eurásia, EUA e Médio Oriente.
“Estou desapontado por não ver um verdadeiro organismo financeiro internacional que contragaranta todos estes Estados africanos, não lhes pedindo mais do que nos está a pedir “, salientou.
O CEO exemplificou com o caso da TotalEnergies na central solar de 1 GW no Iraque, no qual os financiadores internacionais estavam a pedir ao Governo do país mais garantias de empréstimo do que à TotalEnergies, levando esta a assegurar totalmente o projecto para evitar sobrecarregar o Executivo com mais dívida.