A Fly Modern Ark, consultora contratada pelo Governo para recuperar a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), denunciou um esquema de desvio de dinheiro em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (POS) não pertencentes à companhia.
“Fizemos um trabalho relâmpago com a segurança interna da LAM, durante o qual recolhemos todos os POS nos 20 pontos de venda de bilhetes. Há algumas lojas onde os próprios chefes dos estabelecimentos não reconhecem as máquinas e dizem não saber sequer a quem pertencem”, declarou o director do projecto de reestruturação, Sérgio Matos.
Falando nesta segunda-feira (12), durante uma conferência de imprensa, o responsável revelou que o processo de fiscalização começou há quase duas semanas, quando a empresa percebeu que, embora o número de bilhetes vendidos esteja a subir, as contas continuam longe do esperado.
“Está-se a vender, mas a empresa não está a ter todo o dinheiro e nos últimos três meses das avaliações fomos vendo que o diferencial que estávamos a ter variava entre 2 a 3 milhões de dólares. Só no mês de Dezembro, tivemos um défice de 3,2 milhões de dólares”, observou.
Sérgio Matos avançou ainda que a inspecção verificou casos suspeitos na recolha de dinheiro vivo nas lojas e no abastecimento de combustível às aeronaves.
“Uma aeronave tem capacidade máxima de combustível na ordem de 80 mil litros, o que nós chamamos também de 80 toneladas. No entanto, constatámos que a mesma está a ser abastecida com 95 toneladas. Então a questão é por onde as 15 toneladas restantes estão a entrar”, questionou.
Além destas anomalias, o director denunciou a descoberta de uma conta no Maláui com 1,2 milhões de dólares, a que ninguém na companhia tem acesso.
“Ninguém sabe como movimentar ou tirar este valor. Há situações de funcionários que usam ou usaram fundos da companhia para compra de casas próprias”, concluiu.
A LAM está num processo de revitalização, com a empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) na sua gestão desde Abril do ano passado. A estratégia da empresa segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos.
A rede de voos da LAM conta com 12 destinos no mercado doméstico. A nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar-Es-Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, enquanto Lisboa é, desde 12 de Dezembro, o único destino intercontinental.
Diariamente, a LAM realiza mais de 40 voos, operados através da sua frota composta por um Boeing 737, três Q400, dois Bombardier CRJ 900 e dois Embraer 145 operados pela sua subsidiária Moçambique Expresso (MEX).