A consultora Deloitte estima que as reservas de gás natural localizadas em Moçambique representem receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares, destacando a importância internacional do País no processo da transição energética.
“As vastas reservas de gás poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, refere a entidade por meio de um relatório sobre as Perspectivas Energéticas de África.
Segundo o documento, o gás natural poderá trazer cerca de 100 mil milhões de dólares de receitas para Moçambique ao longo do seu ciclo de vida, frisando “que o País tem ainda uma vantagem competitiva significativa em energias renováveis com activos hidroeléctricos, como a barragem de Cahora Bassa e a futura barragem de Mphanda Nkuwa”.
O relatório avança ainda que o País poderá contribuir para as necessidades energéticas mundiais durante o período de transição energética. “Moçambique tem um elevado potencial solar, destacando-se as centrais instaladas em Mocuba e Metoro”, acrescenta.
A Deloitte considera que, com base em medidas eficazes, Moçambique poderá tornar-se um centro energético da África Austral. “Deve haver um plano estratégico para cada fonte de energia, o desenvolvimento das cadeias de valor e indústrias locais ligadas às energias renováveis e produtos associados, a atracção do sector privado, a promoção da liberalização económica e modificações ao quadro jurídico. O País precisa também definir uma estratégia para navegar na descarbonização dos mercados globais e da sua própria economia”, defende o relatório.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, todas localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.