Os Estados Unidos da América (EUA) criaram laços mais fortes com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para identificar oportunidades de parceria com as actividades da Visão para Culturas e Solos Adaptados (VACS) do Departamento de Estado dos EUA e desenvolver uma estratégia de investimento.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, elogiou o Banco Africano de Desenvolvimento pelos “esforços excepcionais” que está a realizar para “ajudar África a alimentar-se a si própria e ao resto do mundo”.
“Está a ser feito um trabalho extraordinário para chegar a um ponto em que África se alimente a si própria e ao mundo. Estou convencido de que isso pode acontecer”, afirmou Antony Blinken, durante uma visita ao presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, em Abidjan, Costa do Marfim, na última terça-feira, 23 de Janeiro. O encontro decorreu na sede do AfricaRice – um centro pan-africano de excelência para a investigação, desenvolvimento e reforço de capacidades no sector do arroz, que implementa os programas agrícolas do Banco.
Ao dar as boas-vindas ao secretário Blinken, o presidente do BAD afirmou: “esta é a primeira vez que um secretário de Estado dos EUA visita o Banco Africano de Desenvolvimento e o seu trabalho. É uma visita histórica e dá um grande impulso ao nosso trabalho para alimentar África”. Agradecendo aos EUA pelo seu apoio às principais iniciativas agrícolas do Grupo BAD, Adesina prosseguiu: “aplaudo o trabalho que o Presidente Biden está a fazer em prol da segurança alimentar mundial. Estou muito satisfeito com a parceria que temos com o Governo dos EUA, para nos ajudar a avançar na segurança alimentar em África”.
Segundo O Económico, o presidente do BAD também agradeceu ao secretário de Estado dos EUA por uma nova subvenção de 9,5 milhões de dólares, para apoiar a iniciativa Tecnologias para a Transformação da Agricultura em África (TAAT) do Banco. O financiamento, que faz parte da iniciativa global contra a fome “Feed the Future” do Governo dos EUA, será utilizado para a segunda fase do programa, denominada TAAT II, para ajudar os países africanos a aumentar a produção alimentar, introduzir tecnologias inteligentes em termos de clima e expandir os serviços de extensão. Até à data, o programa TAAT já distribuiu tecnologias agrícolas resistentes às alterações climáticas e fertilizantes a 13 milhões de agricultores em 40 países africanos, para ajudar a aumentar a produção e a segurança alimentares do continente.
A TAAT tem por objectivo duplicar a produtividade das culturas de base, da pecuária e das pescas, disponibilizando tecnologias comprovadas a mais de 40 milhões de produtores agrícolas até 2025. Isto permitirá produzir mais 120 milhões de toneladas de alimentos.
Aludindo a este trabalho, Blinken afirmou que “o Banco Africano de Desenvolvimento está a fazer os investimentos necessários na produção sustentável de uma forma inteligente e eficaz e, juntamente com o seu programa AfricaRice, a maximizar as colheitas e a produzir culturas capazes de resistir às alterações climáticas”.
Além de culturas como o arroz, o secretário Blinken disse que o Governo de Joe Biden estava convencido de que existe um enorme potencial em investir na produção de culturas que são resistentes ao clima e altamente nutritivas, incluindo alguns dos alimentos tradicionais negligenciados em África.
O Banco lançou a iniciativa AfricaRice em 2018 para impulsionar a produção de arroz. Conta agora com 28 países membros em toda a África, dos quais 15 esperam alcançar em breve a auto-suficiência em arroz.
“Desde 2018, a produção de arroz aumentou 25% e os meios de subsistência mais de 31%”, afirmou o director-geral da AfricaRice, Baboucarr Manneh, que também participou no encontro.
Os EUA são o segundo maior accionista de todos os países membros do Banco Africano de Desenvolvimento e o maior contribuinte em termos cumulativos para o Fundo Africano de Desenvolvimento, que concede financiamento concessional aos países mais pobres de África. Durante a visita, o presidente do BAD destacou o impacto sustentável do investimento dos Estados Unidos nas operações do Banco que se alinham com as prioridades partilhadas em África.