À medida que as nações africanas se preparam para as negociações cruciais sobre o clima na COP28, a adopção da transformação digital deve fazer parte da sua estratégia. O avanço da economia digital de África pode reforçar a resiliência, impulsionar a sustentabilidade e expandir o acesso ao financiamento climático.
As ferramentas digitais já estão a impulsionar a adaptação às alterações climáticas em todo o continente. Os serviços de aconselhamento digital estão a ajudar os agricultores a adaptarem-se a padrões meteorológicos erráticos, e os sistemas de alerta precoce, que combinam estes tipos de dados e as redes de telemóveis, alertam as comunidades para fenómenos extremos. Os drones e as imagens de satélite permitem uma avaliação rápida dos impactos climáticos.
A digitalização dos serviços governamentais através de plataformas em linha melhora a distribuição dos fundos climáticos às comunidades, e os sistemas de identificação digital e o dinheiro móvel alargam o acesso aos seguros climáticos. Já os mercados de créditos de carbono e o investimento no clima são facilitados pela cadeia de blocos e pela verificação remota.
A população jovem africana com conhecimentos tecnológicos é pioneira em soluções digitais locais para desafios de desenvolvimento enraizados. Os decisores políticos devem apoiar as empresas em fase de arranque, que aproveitam a tecnologia para criar resiliência e sustentabilidade climáticas. Mas a concretização dos benefícios da digitalização requer investimento em infra-estruturas digitais, desenvolvimento de competências e estratégias digitais com inclusão de género. A COP28 representa uma oportunidade para os países desenvolvidos expandirem o financiamento para iniciativas de adaptação digital em toda a África.
Capacitar as mulheres e as raparigas através de um melhor acesso digital pode acelerar o desenvolvimento sustentável. E os talentos tecnológicos de África devem ser aproveitados em parcerias globais.
À medida que África adopta novas tecnologias, os países devem melhorar a governação dos dados, a cibersegurança, privacidade e as capacidades de ética digital. Para fazer avançar a acção climática, as nações africanas devem integrar estrategicamente a digitalização, assegurando simultaneamente uma inovação responsável e inclusiva.
Valter Cumbi, Further Africa