Uma equipa de investigadores da Universidade de Yamanashi, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) e do instituto Riken, no Japão, cultivou, pela primeira vez, embriões de rato no espaço, que se desenvolveram normalmente.
Este é o primeiro estudo que indica que poderá ser possível para os humanos reproduzirem-se no espaço.
Os embriões foram lançados para o espaço a bordo do SpaceX CRS-23 a 29 de Agosto de 2021 e desenvolveram-se em formas embrionárias iniciais, oferecendo perspectivas promissoras para a possibilidade de reprodução humana em ambientes de micro gravidade.
Como parte do projecto “Space Embryo“, 720 embriões de rato de duas células congeladas foram enviados para a Estação Espacial Internacional (EEI). Um dispositivo especialmente concebido foi utilizado para permitir que os astronautas manuseassem os embriões com facilidade.
O astronauta Akihiko Hoshide realizou a fase experimental em Setembro, cultivando os embriões em diferentes condições gravitacionais antes de os enviar de volta à Terra para estudo adicional. Depois de os analisar, a equipa de investigação japonesa constatou que os embriões registavam um desenvolvimento embrionário inicial normal.
Segundo os investigadores, liderados pelo professor Teruhiko Wakayama, da Universidade de Yamanashi, os embriões formaram blastocistos com massa celular interna (MCI) e trofectoderma (TE), componentes essenciais para formar o feto e a placenta, respectivamente.
De acordo com o portal Zap Aeiou, a equipa estava preocupada com o facto de a falta de gravidade poder afectar adversamente esses processos biológicos cruciais. No entanto, os embriões desenvolveram-se de forma semelhante tanto em ambientes de micro gravidade como de gravidade artificial, dissipando as preocupações iniciais.
“Notavelmente, não houve alterações significativas no ADN e nos genes dentro dos blastocistos”, detalharam os investigadores numa nota de imprensa citada pelo site Phys.org.
Embora pesquisas anteriores se tenham focado na reprodução de organismos mais simples como tritões e diversas espécies de peixes ciprinodontiformes no espaço, este estudo marca a primeira ocorrência de embriões de mamíferos a sofrerem um desenvolvimento natural e normal em tais condições.
O próximo passo dos investigadores envolve agora transplantar os blastocistos cultivados no espaço em ratos na Terra para avaliar a sua viabilidade de desenvolvimento a longo termo.
O estudo, publicado na revista iScience, não só amplia os limites do nosso entendimento da biologia reprodutiva, como também abre novas portas para a possibilidade de os humanos habitarem e reproduzirem-se, para além das fronteiras da Terra.