O Estado moçambicano prevê encaixar, no próximo ano, 4,2 mil milhões de meticais em receitais fiscais de gás natural, segundo os documentos de suporte à proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024.
De acordo com a proposta, essas receitas, provenientes do Gás Natural Liquefeito (GNL) do projecto Coral Sul na bacia do Rovuma, representam, contudo, apenas 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) esperado para 2024.
Há dias, o Banco de Moçambique (BdM) revelou que as exportações de gás natural do País dispararam, em volume, 80,9%, no segundo trimestre, face a 2022, rendendo 336 milhões de dólares.
Segundo o relatório da instituição sobre a balança de pagamentos nacional no segundo trimestre, trata-se de um encaixe 238,1 milhões de dólares, superior ao do período homólogo de 2022, explicado essencialmente “pelo incremento do volume exportado”.
“A justificar, o início da exploração e exportação do gás da Área 4 da bacia do Rovuma, visto que o preço internacional caiu 64,1%”, lê-se no documento.
Entretanto, apesar deste incremento, o gás natural não destronou o carvão mineral enquanto principal produto de exportação de Moçambique, que rendeu ao País 583,4 milhões de dólares no segundo trimestre.
A Área 4 na bacia do Rovuma, norte do País, é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma ‘joint venture’ em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão, cuja produção de gás natural arrancou em 2022. A Galp, Kogas (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detêm, cada, uma participação de 10%.
A Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, já discute com o Governo moçambicano o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira e designada Coral Norte, para aumentar a extracção de gás, disse à Lusa, no início de Outubro, fonte da petrolífera italiana.
Este plano envolve, nomeadamente, a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG, para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extracção de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul.
“A Eni está a trabalhar para o desenvolvimento do Coral Norte através de uma segunda FLNG em Moçambique, aproveitando a experiência e as lições aprendidas na Coral Sul FLNG, incluindo as relacionadas com custos e tempo de execução”, acrescentou a mesma fonte da petrolífera, operador delegado daquele consórcio.