A concentração de gases que causam as alterações climáticas atingiu um novo recorde em 2022, contribuindo para o aumento da temperatura global e para o surgimento de fenómenos meteorológicos extremos, alertou esta quarta-feira, 15 de Novembro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Pela primeira vez, as concentrações de dióxido de carbono (CO2), o gás mais importante ligado às alterações climáticas, foram 50% mais elevadas do que na época pré-industrial e continuaram a aumentar este ano, conclui o relatório anual da OMM sobre o clima, publicado a semanas da conferência das partes da ONU sobre alterações climáticas (COP28), que decorre entre 30 de Novembro a 12 de Dezembro, no Dubai.
Esta situação só pode ser comparada com o que aconteceu há cinco milhões de anos, quando a temperatura era dois a três graus mais alta e o nível do mar entre dez a 20 metros mais elevado, acrescenta o relatório da agência das Nações Unidas para a meteorologia.
As concentrações de metano e óxido de nitrito, segundo e terceiro gases que mais contribuem para as alterações climáticas após o dióxido de carbono, também aumentaram, de forma nunca antes registada.
Com base no actual nível de concentração de gases com efeito estufa, as temperaturas aumentarão até ao final do século, muito acima dos 1,5 graus estabelecidos pelo Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, como o limite a partir do qual as consequências serão desastrosas para a humanidade.
Além do aumento das temperaturas, serão registados fenómenos meteorológicos mais extremos, como vagas de calor, inundações, degelo dos glaciares, subida e acidificação dos oceanos, referiu o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
“Apesar de décadas de avisos da comunidade científica, de milhares de páginas escritas e de dezenas de conferências sobre o clima, continuamos a caminhar na direcção errada”, afirmou Taalas, em conferência de imprensa, citado pela agência EFE.
Menos de metade das emissões de dióxido de carbono permanecem na atmosfera, sendo um quarto absorvido pelos oceanos e pouco menos de 30% pelos ecossistemas terrestres, como as florestas, mas, enquanto as emissões continuarem, o CO2 continuará a acumular-se.
Mesmo que estas emissões fossem reduzidas a zero de imediato, os níveis deste gás gerado pela queima de combustíveis fósseis e pela produção de cimento têm um tempo de vida muito longo, logo as temperaturas elevadas persistiriam durante várias décadas, segundo os dados fornecidos pela OMM.