Cientistas da Universidade de Tóquio, no Japão, desenvolveram um plástico inovador, que promete revolucionar as indústrias de embalagens e de reciclagem.
Este material, apelidado de VPR, destaca-se pela sua força à temperatura ambiente, mas tem a particularidade de se decompor facilmente em componentes básicos quando necessário, de se regenerar e “lembra” formas anteriores após ser deformado.
O VPR é um tipo de resina epóxi vitrímero, conhecido pela sua robustez. A equipa de investigação, liderada pelo cientista Shota Ando, aprimorou a composição tradicional ao adicionar uma molécula chamada polirotaxano, o que conferiu ao VPR uma série de vantagens em relação a materiais semelhantes.
Um dos avanços mais notáveis é a sua capacidade de auto-cura. Quando arranhado com um escalpelo, o VPR foi capaz de se regenerar completamente, bastando aquecê-lo a 150°C por apenas um minuto. Além disso, se moldado numa forma específica, como um guindaste de origami, e depois achatado, o VPR pode reverter à sua forma original através do calor, uma propriedade conhecida como “memória de forma”, explica o site New Atlas.
A decomposição do VPR é outra característica impressionante. Sob a aplicação de calor e um solvente específico, as suas ligações moleculares desfazem-se, deixando apenas componentes crus que podem ser reutilizados na fabricação de novos produtos.
Se descartado no meio ambiente, apresenta menos riscos do que outros plásticos. Os testes realizados demonstraram que, submergido em água do mar durante 30 dias, o VPR biodegradou-se em 25% e libertou moléculas que servem de alimento para a vida marinha.
“O VPR é cinco vezes mais resistente à quebra do que um vitrímero de resina epóxi típico”, afirma Ando. “Também se regenera 15 vezes mais depressa, recupera a sua forma original memorizada duas vezes mais rápido e pode ser reciclado quimicamente dez vezes mais depressa do que o vitrímero típico.”
Este plástico avançado presta-se a uma série de aplicações, da robótica à medicina, da moda ecológica às infra-estruturas e aos revestimentos para automóveis. Por exemplo, o VPR poderia transformar a manutenção de estradas e pontes, permitindo a sua auto-reparação através da simples introdução de calor. Além disso, a indústria da moda poderá beneficiar desta tecnologia para criar roupas que possam ser moldadas com ferramentas comuns, como secadores de cabelo ou ferros de engomar, reduzindo assim a libertação de microplásticos no ambiente.
A investigação publicada na ACS Publications destaca não só a inovação científica, mas abre também um diálogo sobre a forma como estes materiais podem ser implementados para reduzir o impacto ambiental da indústria dos plásticos, que, apesar dos esforços de reciclagem, continua a crescer anualmente com sérias implicações para o ecossistema e a saúde pública.