A falta de certificação ainda constitui um entrave para a participação das Pequenas e Médias Empresas (PME) moçambicanas nos grandes projectos de exploração de recursos naturais, fazendo com que sejam contratados bens e serviços de entidades estrangeiras.
Desta feita, e como forma de reverter o cenário, o director-geral do Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), Geraldo Albasine, afirmou que é importante que as empresas apostem nas boas práticas e comecem a investir na certificação para que tenham mais oportunidades, expandam o seu negócio e sejam reconhecidas internacionalmente.
“Muitas PME perdem oportunidades nos grandes projectos devido à falta desta ferramenta fundamental, que torna o ambiente de negócio sustentável e apetecível para mais investimentos”, afirmou nesta segunda-feira, 13 de Novembro, durante a cerimónia de abertura da primeira Conferência Nacional da Qualidade.
Seguindo a mesma linha, o presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma, realçou que “para países em vias de desenvolvimento, como Moçambique, onde 98% do tecido empresarial é constituído por PME, com relativa exposição aos mercados globais, o acesso aos serviços de certificação constitui uma ferramenta essencial para transmitir credibilidade e qualidade dos seus serviços e produtos”.
“A normalização ou certificação é um dos requisitos exigidos pelas multinacionais nos seus processos de contratação de bens e serviços. Aliado a isso, o número de empresas nacionais com acesso a serviços de certificação está abaixo de 5% do universo do sector privado, devido ao custo do processo e à falta de informação”, clarificou.
Assim, e para responder aos desafios, o responsável lembrou que o sector privado, juntamente com os demais parceiros, lançou, em 2019, o Programa Nacional de Certificação (PRONACER).
“O PRONACER assegura a participação efectiva e sustentável das empresas na cadeia de valor da exploração dos recursos naturais de que o País dispõe em abundância. Nele estão inscritas 155 empresas a nível nacional. As certificação mais procuradas, com 80% de interesse, foram a ISO 9001 (Sistema de Gestão de Qualidade), a ISO 45001 (Saúde e Segurança do Trabalho) e a ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental)”, frisou.
Agostinho Vuma detalhou que “na primeira fase, 25 empresas foram pré-qualificadas e, com apoio do INNOQ, apenas 20, que operam nas cadeias de valor do carvão, petróleo e gás, é que receberam auditorias externas para certificação. Oito já receberam os seus certificados”.
“Ao abrigo da segunda fase do PRONACER, mais 15 empresas serão certificadas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, estando prevista também a atribuição de uma subvenção para o processo de transformação digital de PME”, concluiu.
O evento de dois dias (13 e 14 de Novembro), organizado pelo Ministério da Indústria e Comércio, através do INNOQ, decorre sob o tema “Cultura da Qualidade: do Compromisso à Implementação”, e tem como objectivo principal identificar e discutir os desafios enfrentados pelas organizações em matérias relativas à qualidade, procurando também soluções colaborativas entre as partes interessadas.
A conferência conta com o financiamento do projecto “Promove Comércio”, implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), com fundos da União Europeia, assim como com o patrocínio da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, Petromoc, Tropigalia, Petrotec, Brithol Michcoma, Heineken Moçambique, Água da Namaacha, Dataserv, Testop e Cervejas de Moçambique.