A população residente no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, denunciou nesta quarta-feira, 8 de Novembro, a circulação de terroristas nas comunidades locais, salientando que, em alguns casos, têm recebido protecção de membros locais.
“Os terroristas continuam aqui entre nós, e todas as semanas escalam pelo menos uma das comunidades”, afirmou uma fonte citada pela Lusa.
Segundo a mesma, a escalada dos terroristas nas comunidades prende-se com a compra de produtos de primeira necessidade, sendo que utilizam os barcos dos pescadores locais como meio de transporte.
“Quando chegam às nossas comunidades, compram tudo e usam os nossos barcos para transportar os seus produtos”, avançou a referida fonte, que acrescenta: “quando os terroristas chegam à comunidade, apelam às populações para não abandonarem as suas casas, garantindo que não pretendem fazer mal”.
O distrito de Macomia, centro de Cabo Delgado, faz fronteira com o distrito de Muidumbe, através do rio Messalo, ao longo da Estrada Nacional Número 380, uma das poucas asfaltadas da região, que garante a ligação aos distritos mais a norte. No rio Messalo, duas travessias continuam interrompidas, desde 2021, devido às acções dos terroristas.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região. O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.