A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou hoje (6), segunda-feira, um prolongamento de 15 dias na suspensão da greve no sector, para continuar as negociações, e tendo em conta o momento conturbado pós-eleitoral.
Em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente da associação, Anselmo Muchave, declarou que “não há retoma [da greve] por mais 15 dias, para dar espaço ao Governo para atender à tensão política, para não sermos confundidos. Isto porque a tensão verificada a partir de 11 de Outubro acabou por interromper o diálogo entre a APSUSM e o Executivo moçambicano”.
A APSUSM anunciou a 27 de Agosto a suspensão, até 5 de Novembro, da greve iniciada uma semana antes, para dar espaço às negociações com o Governo.
Moçambique realizou eleições autárquicas em 11 de Outubro que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), deram a vitória à Frelimo, partido no poder em 64 dos 65 municípios. Contudo, sucedem-se as manifestações nas ruas promovidas pela oposição, em todo o País, contra esses resultados, que são criticados igualmente pela sociedade civil, observadores e organizações não-governamentais.
“Por ainda não estarem satisfeitos relativamente aos pontos apresentados na mesa de diálogo, e também para não misturar as reivindicações com os resultados das eleições, os profissionais de saúde vão aguardar pacificamente nos seus postos de trabalho, até que a situação se normalize, por mais 15 dias, até 18 de Novembro de 2023”, acrescentou o presidente da APSUSM.
Anselmo Muchave garantiu, igualmente, que nos próximos 15 dias não haverá “retoma” de manifestações por parte destes profissionais, reconhecendo que 45% das reivindicações foram satisfeitas: “Aguardamos que todos os pontos rápidos de resolver já tenham sido alcançados. Alguns já estão num bom passo”.
O Sistema Nacional de Saúde (SNS) moçambicano enfrentou em Julho e Agosto uma crise provocada por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM), que também viria a suspender o seu protesto, e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que exige melhores condições de trabalho também para os outros profissionais de saúde.
Segundo o presidente da APSUSM, a decisão de 27 de Agosto resultou de um apelo feito pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, para dar espaço às conversações com a nova equipa do Governo que tenta travar o colapso do SNS.
Entre outros aspectos, a APSUSM, que abrange cerca de 65 mil técnicos, serventes e enfermeiros, exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da “falta de alimentação” nas unidades de saúde, bem como que equipe as ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de protecção individual não descartável, cuja falta de fornecimento vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.