O Presidente da República, Filipe Nyusi, alertou esta sexta-feira, 3 de Novembro, para um “impacto significativo” do fenómeno El Niño sobre a agricultura no País, pedindo que os agricultores estejam preparados para os efeitos, no âmbito do lançamento da campanha agrícola 2023/2024.
“Devemos estar preparados para eventualidades decorrentes do fenómeno El Niño, que influencia o clima provocando fenómenos climáticos adversos”, disse o chefe de Estado em Inhambane, sul de Moçambique, durante o lançamento da campanha agrícola 2023/2024.
Segundo Filipe Nyusi, citado pela agência Lusa, o fenómeno meteorológico poderá causar escassez de chuva nas zonas sul e centro de Moçambique, com impacto significativo na agricultura”.
Os serviços meteorológicos moçambicanos avisaram, em Junho, que o País deve preparar-se para a seca nas regiões centro e sul, a par de chuvas acima do normal no norte com a formação do fenómeno natural El Niño.
O climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam), Bernardino Nhantumbo, recordou, em entrevista à Lusa, que Moçambique foi atingido com intensidade pelo El Niño entre 2018 e 2019, seguindo-se depois o período La Niña, com condições inversas, que provocou chuvas acima do normal em todo o território nacional.
Durante o lançamento da campanha, o Presidente da República avançou ainda que o País alcançou um volume de produção global de cerca de 388 mil milhões de meticais (cinco mil milhões de euros) na campanha agrária 2022/2023, prevendo-se um aumento para o período de 2023/2024. “Este crescimento foi impulsionado pelo crescimento do milho, que atingiu 2,8 milhões de toneladas, e do arroz, que atingiu 256 mil toneladas”, referiu Nyusi.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o País.
Segundo dados oficiais do Governo, já no primeiro trimestre deste ano, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afectaram no País mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula.