Na primeira edição das ESG Talks que decorreu esta quarta-feira, em Maputo, subordinada ao tema do “Financiamento, Impacto e Boas Práticas para um Futuro Verde em Moçambique” uma iniciativa que pretende debater, esclarecer e promover o trabalho das empresas, organizações e figuras moçambicanas que se destacam pela implementação de práticas sustentáveis, o ‘estado da arte’ da sustentabilidade em Moçambique esteve, naturalmente, no centro do debate.
E, claro, com a noção de que há ainda um longo caminho a percorrer para que todo o ecossistema (composto por empresas, sociedade e governação) possa incorporar efectivamente os princípios de ESG nas suas práticas de gestão. E um dos maiores desafios para a implementação de uma série de regras e frameworks que começam a ser implementados em todo o mundo constitui um desafio para as empresas e corporações moçambicanas.
Intervindo no primeiro painel do debate dedicado ao tema “Quadro Regulamentar e Instrumentos de Investimento de Impacto – ESG em Moçambique”, o economista sénior do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Moçambique, Rómulo Correia, explicava que a “revolução do ESG já é uma realidade não só em Africa, mas em todo o mundo”, salientando que é importante que os países começassem a investir no financiamento verde, sob o risco de ficarem descontinuados e não alcançarem os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Assim, na sua opinião, “o País deverá continuar a apostar cada vez mais na criação entendimentos entre todas as partes envolvidas, sendo que a esse nível uma legislação mais robusta seria ideal para estar em concordância com o actual nível de desenvolvimento de quadros normativos que se vão implementando em toda a parte, optando sempre por incluir o sector privado para assim impulsionar os critérios de sustentabilidade”:
“Existem fundos e iniciativas relacionadas com os vários pilares do ESG, mas precisamos de muitas mais que criem engajamento no ecossistema de negócios e na sociedade que serão fundamentais nesta transformação. Há em toda esta nova dinâmica uma enorme oportunidade para um país como Moçambique mas ainda há um longo caminho a percorrer”, explicou.
Para Rómulo Correia, a questão das mudanças climáticas tem criado inúmeros desafios para os países em vias de desenvolvimento, sendo por isso crucial que se aposte em fontes renováveis que tragam segurança para o ambiente e a sustentabilidade seja alcançada. “Moçambique tem diversas oportunidades de ascender, sobretudo através dos vários instrumentos já existentes com base nos ESG (e dos quais o BAD é um canal directo de financiamento que tem, precisamente em conta, esses princípios) e a economia irá ajustar-se a esta realidade que já é inultrapassável, e verdadeiramente global”, concluiu.