A SolarWorks opera há sete anos. Começou por expandir o acesso à energia solar a favor das famílias com menor poder de compra. Recentemente, decidiu adicionar ao seu portefólio a possibilidade de gerar rendimento para as comunidades, através dos seus sistemas solares. Completa, assim, a sua intervenção nos três domínios da sustentabilidade: económica, social e ambiental (ESG, sigla inglesa)
A SolarWorks é parte de um grupo de origem holandesa que, em 2019, viu a sua representatividade crescer quando a energética portuguesa EDP investiu aproximadamente dois milhões de euros na compra de uma participação no grupo.
É vocacionada para o fornecimento de energia solar, com foco em milhares de famílias de baixo rendimento que vivem nas zonas rurais de todas as províncias do País. Começou as operações em Moçambique comercializando kits de sistemas solares domésticos. O objectivo era fazer chegar energia a pessoas que não têm acesso à rede pública.
Tais kits são desenhados pela própria empresa. Ainda hoje, no seu portefólio, a SolarWorks tem vários conjuntos domésticos que são vendidos em sistema de ‘pay-as-you-go’. Isto é, os clientes pagam uma entrada inicial e depois têm a possibilidade de ir amortizando a compra, em pequenas parcelas, numa base mensal através de contratos que duram entre 24 a 30 meses.
Por exemplo, o kit “Famílias Solares”, que fornece material composto por três lâmpadas de iluminação, painel solar, bateria e rádio, tem um custo de 6500 meticais, ou, com uma entrada inicial de 595 meticais, o remanescente pode ser liquidado durante 30 meses através de prestações de 340 meticais. O custo varia conforme a capacidade do sistema e a variedade de componentes adicionados (como electrodomésticos), podendo chegar aos 75 000, preço total do kit de maior capacidade.
“Mais do que levar energia às zonas rurais, queremos garantir que se produza riqueza a favor de pessoas de baixo rendimento. Esse é o nosso contributo para o desenvolvimento”
De acordo com Nuno Lopes, director-geral do grupo em Moçambique, os sistemas têm um tempo médio de vida em torno de dez anos.
Mas para assegurar uma maior longevidade, a SolarWorks presta assistência técnica através de “manutenções de carácter preventivo”, mediante a solicitação do cliente, através de uma linha telefónica gratuita, disponível 24 horas por dia.
O lado social do projecto
Há cerca de ano e meio, a empresa introduziu sistemas com maior capacidade de produção de electricidade, ou seja, além da iluminação, também alimentam equipamentos capazes de gerar rendimento, tais como irrigação para a agricultura, sistemas de frio para conservação de alimentos, processamento de produtos alimentares (castanha, milho, etc.) ou salas de entretenimento. Todos a funcionarem à base de energia solar.
Segundo Nuno Lopes, os sistemas de maior capacidade permitem aos clientes ter rendimento, o que significa uma mudança significativa no contexto actual, tendo em conta que boa parte da população moçambicana não tem energia.
“Temos kits com sistemas de projecção de vídeo e som, máquinas de costura, máquinas de barbear, congeladores, sistemas de irrigação. Tudo funciona a energia solar. Porque, mais do que levar energia às zonas rurais, queremos garantir que, com essa energia, se produza riqueza a favor de pessoas de baixo rendimento”, explicou, acrescendo que “esse é o contributo que a empresa presta para o desenvolvimento do País”.

O responsável explica que “um dos grandes desafios de quem não tem iluminação e procura uma das nossas soluções é o de garantir o pagamento mensal dos nossos sistemas.
Assim, da mesma forma que oferecemos uma solução de energia limpa e económica, permitimos também aos nossos clientes melhorarem a sua qualidade de vida, podendo utilizar o seu sistema solar para aumentar o rendimento familiar”.
A SolarWorks apresenta uma preocupação social na oferta comercial e destaca também os números da sua força de trabalho. A marca emprega cerca de 180 trabalhadores directos e quase 280 indirectamente, que são considerados parceiros da empresa e que já têm os seus negócios estabelecidos.
Electrificar a 100% e caminhar para ‘0% emissões’
Sobre o debate global acerca de energias limpas e transição energética, Nuno Lopes refere um ponto-chave: “temos cerca de 30% da população sem energia. O nosso principal objectivo é o de contribuir para a electrificação do País, permitindo o acesso a energia, principalmente da população de baixos rendimentos.
As soluções de energia que oferecemos protegem o ambiente e essa é também uma preocupação da SolarWorks”, defendeu Nuno Lopes.
Moçambique está na linha da frente quanto à discussão sobre preservação ambiental, que é defendida a nível global no quadro da transição energética, cuja meta é atingir ‘zero emissões’ de carbono até 2050. “A SolarWorks tem vindo a contribuir para esta discussão e compromete-se a ser um actor importante na preservação ambiental”, garantiu.
A empresa tem como principal desafio, no curto e médio prazo, consolidar a sua expansão e crescimento. “Estamos já a operar em todo o País e isso traz desafios: queremos continuar a ser uma referência no sector e, ao mesmo tempo, melhorar a vida das pessoas pela forma como fazemos o nosso trabalho”, concluiu o director-geral.
Ainda não há informação sobre quantas famílias estão a usar estes meios para o auto-sustento, mas existem experiências ao redor do mundo em que investimentos desta natureza ajudaram a melhorar o padrão de vida das comunidades.
Texto Filomena Bande • Fotografia Mariano Silva