O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) considera que, até Setembro, dois milhões de moçambicanos tinham necessidade “crítica” de apoio. Neste período, destaca o crescimento para quase 851 mil, do número de deslocados internos provocado pela violência armada de grupos terroristas e pelos efeitos climáticos.
Um relatório operacional do final de Setembro, lançado esta quinta-feira (26) pelo ACNUR, refere que “o País acolhe aproximadamente 25 mil refugiados e requerentes de asilo, enquanto 850 599 pessoas permanecem deslocadas internamente devido à violência perpetrada por grupos armados e ao impacto devastador da crise climática – sendo Moçambique um dos países mais afectados no mundo”.
O documento – em que o ACNUR estima também em 47,5 milhões de dólares as necessidades de financiamento para as operações de assistência ao País em 2023 – recorda que a dupla passagem do ciclone tropical Freddy, em Fevereiro e Março de 2023, “um ano após o devastador ciclone tropical Gombe”, afectou “mais de um milhão de pessoas, destruiu infra-estruturas e deslocou cerca de 184 mil pessoas”.
Além disso, 51% dos deslocados internos são mulheres e crianças, havendo ainda registo de 571 468 repatriados, “muitos deles em situações semelhantes às de deslocados internos, com más condições de vida e falta de acesso a serviços básicos”.
No relatório do ACNUR acrescenta-se que 181 660 deslocados internos estão nessa situação por problemas “relacionados com o clima após os impactos de eventos climáticos extremos” no norte do País, também “devido ao conflito em curso”, no caso os ataques terroristas dos últimos seis anos em Cabo Delgado.
“O ACNUR e os parceiros trabalham em estreita colaboração com uma série de partes interessadas, incluindo o Governo, para fornecer serviços de protecção que salvam vidas e assistência aos refugiados, requerentes de asilo, deslocados internos, repatriados deslocados, bem como às comunidades de acolhimento, aproveitando, ao mesmo tempo, oportunidades para investir e construir resiliência entre as comunidades e facilitar soluções sustentáveis para o deslocamento”, reconhece o organismo.
O alto-comissariado defende ainda “que todos os movimentos de regresso de refugiados” devem “ocorrer de forma informada, segura, voluntária e digna”.