Um novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu que a China não é a principal causa do problema da dívida na África Subsaariana, informa o portal de notícias 360° Mozambique.
O relatório, intitulado Perspectivas Económicas Regionais para África, concluiu que os empréstimos chineses representam apenas 6% da dívida pública da África Subsaariana.
De acordo com o documento, cerca de 60,9% da dívida pública da região é actualmente constituída por empréstimos comerciais nacionais com taxas de juro mais elevadas e prazos de vencimento mais curtos, enquanto os credores multilaterais detêm 13,7% da dívida.
“É de salientar que a dívida à China não tem sido o principal contribuidor para o aumento da dívida pública da região nos últimos 15 anos”, afirma o FMI num documento paralelo sobre as relações económicas da África Subsariana com a China, divulgado no início deste mês.
O organismo acrescentou que a quota da China no total da dívida pública externa da África Subsaariana subiu de menos de 2% antes de 2005 para cerca de 17% – ou 134 mil milhões de dólares – em 2021, afirmando que “este valor ainda é uma quota relativamente pequena da dívida externa total da região, que se situou em 790 mil milhões de dólares em 2021”.
Durante este período, muitos críticos, especialmente os EUA, acusaram a China de se envolver numa “diplomacia de armadilha da dívida”, alegando que o país asiático concede empréstimos a países africanos com condições desfavoráveis, levando estas nações a encargos de dívida insustentáveis.
As conclusões do FMI desmentiram as alegações, indicando que a China tem sido um actor-chave nas recentes reestruturações e negociações da dívida e tem, inclusive, estado envolvida numa série de negociações de reestruturação desta nos últimos anos, além de ter contribuído para a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida, fornecendo 63% das suspensões em 2020 e 2021, apesar de possuir apenas 30% dos créditos.
O FMI recomenda que os países africanos se concentrem na redução do endividamento interno e na melhoria da sua disciplina orçamental, a fim de melhorar a sustentabilidade da sua dívida.
Em declarações ao South China Morning Post, Aly-Khan Satchu, analista geoeconómico da África Subsaariana, afirmou que “o Ocidente tem exagerado o papel da China nos problemas da dívida da África Subsaariana, enquanto o FMI e o Banco Mundial têm promovido uma estratégia arriscada de empréstimos internos”.
Aly-Khan Satchu enfatizou que esta situação criou um “ciclo de feedback negativo” em que as instituições financeiras locais, especialmente em países como o Gana, são fortemente afectadas pela reestruturação da dívida.