A directora provincial da Agricultura e Pescas, Mariamo José, informou esta segunda-feira, 23 de Outubro, que foram incineradas quase mil dúzias de ovos em Maputo devido à gripe das aves diagnosticada numa unidade de produção no sul do País, prevendo-se uma subida de preços.
“Estamos a prever uma eventual subida dos preços de ovos”, declarou Mariamo José. Em causa está a gripe das aves diagnosticada numa unidade de produção na província de Inhambane, levando ao abate de 45 mil galinhas poedeiras que produziam diariamente cerca de 44 mil ovos para consumo, um caso ligado a dezenas de surtos de duas estirpes distintas que estão a alastrar na vizinha África do Sul.
Segundo dados da direcção provincial, a província de Maputo, que faz fronteira com a África do Sul, tem uma capacidade produtiva de 3,9 milhões de galinhas e 942 milhões de ovos semanalmente. “Não estamos, portanto, muito preocupados com a baixa produção. O que tememos mesmo é a subida dos preços”, acrescentou a directora provincial da Agricultura e Pescas.
Em todo o País, a fiscalização foi reforçada, principalmente na fronteira com o território sul-africano e nas províncias próximas de Inhambane. “Estamos a trabalhar, a colocar os nossos fiscais para que toda a segurança de sanidade animal seja observada, e fizemos o trabalho de segurança para incineração de todos os produtos que vêm dos locais de foco”, explicou Mariamo José.
A África do Sul abateu cerca de 2,5 milhões de galinhas num esforço para conter dezenas de surtos de duas estirpes distintas de gripe das aves, ameaçando uma indústria já em dificuldades, informou, a 3 de Outubro, o Governo sul-africano.
Mais de 205 mil galinhas morreram de gripe das aves em pelo menos 60 surtos distintos em todo o país, mais de metade dos quais na província de Gauteng, que inclui a maior cidade do país, Joanesburgo, e a capital administrativa, Pretória.
Algumas lojas pequenas de Joanesburgo começaram a limitar aos clientes a quantidade de ovos disponíveis e o Governo reconheceu que há restrições no fornecimento.
“O Governo sul-africano está a acelerar a concessão de novas licenças de importação de ovos de outros países para garantir aos consumidores um abastecimento suficiente”, anunciou o ministro da Agricultura, Thoko Didiza, acrescentando que o Ministério está, também, a considerar o lançamento de um programa de vacinação para travar os surtos de gripe das aves.
Vários centros norte-americanos de Controlo e Prevenção de Doenças afirmaram no mês passado que os surtos de gripe das aves estão a aumentar a nível global, dando conta do registo de mais de 21 mil surtos em todo o mundo entre 2013 e 2022. A gripe das aves raramente infecta os seres humanos.
Os ovos são uma fonte de proteínas importante e acessível na África do Sul, mas os preços subiram constantemente este ano e a escassez causada pela gripe das aves deverá fazer subir novamente os preços e aumentar a inflação alimentar no país.
A indústria de carne de frango na África do Sul já foi duramente atingida este ano pela escassez de electricidade, cujos apagões regulares para poupança de energia têm-se feito sentir na solvabilidade das empresas.
Os produtores sul-africanos anunciaram, em Janeiro deste ano, que tinham sido forçados a abater quase dez milhões de pintos jovens devido ao número recorde de apagões no início do ano registado pela economia mais avançada de África, provocando um abrandamento drástico da produção.