A economia mundial está a recuperar da pandemia e tem demonstrado uma “notável resiliência”, embora a melhoria ainda seja lenta e desigual entre países, afirmou esta quinta-feira, 5 de Outubro, a directora-geral Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, na Costa do Marfim.
“A economia mundial demonstrou uma resiliência notável e o primeiro semestre de 2023 trouxe boas notícias, em grande parte devido à procura de serviços superior ao esperado e ao progresso tangível na luta contra a inflação”, disse Kristalina Georgieva, em Abidjan, num discurso antes da próxima reunião anual do FMI com o Grupo Banco Mundial (GBM), que terá início na segunda-feira em Marraquexe, Marrocos.
“O actual ritmo de crescimento global continua bastante fraco, bem abaixo da média de 3,8% das duas décadas anteriores à pandemia do covid-19”, afirmou a directora-geral do FMI, sublinhando que, “no médio prazo, as perspectivas de crescimento tornaram-se ainda mais fracas”.
Georgieva destacou ainda que este crescimento económico não acontece ao mesmo ritmo em todos os países: nações como os EUA, a Índia e outras economias emergentes lideram o caminho, enquanto a maioria das economias avançadas estão a desacelerar. A economia da China permanece abaixo das expectativas.
“A fragmentação económica ameaça minar ainda mais as perspectivas de crescimento, especialmente para as economias emergentes e em desenvolvimento, incluindo as de África”, enfatizou a líder do FMI, acrescentando que “os EUA são a única grande economia onde a produção regressou ao nível pré-pandemia. O resto do mundo ainda está abaixo desta tendência. E os países de baixo rendimento são os mais afectados”.
Segundo Kristalina Georgieva, isto acontece porque estes países “tiveram uma capacidade extremamente limitada para proteger as suas economias e apoiar os mais vulneráveis”, destacando que, “segundo cálculos do FMI, as perdas mundiais de produção desde 2020 ascenderão a 3,7 mil milhões de dólares este ano”.
Para melhorar este cenário, a organização irá recomendar, a partir da reunião de Marraquexe, aos governos de todo o mundo que reforcem a estabilidade económica e financeira, construam instituições estatais sólidas, reformas que estabeleçam as bases para um crescimento inclusivo e sustentável e promovam a cooperação internacional.
A reunião do FMI-GBM em Marraquexe é a segunda do género em África desde 1973, quando as duas organizações se reuniram no Quénia.
O FMI destacou a reunião em Marrocos como um momento importante para analisar como as economias mundiais estão a recuperar dos impactos da pandemia do covid-19, a invasão russa da Ucrânia ou o aumento do custo de vida.