O grupo Evergrande, uma das maiores construtoras da China, cujo colapso marcou o início da crise no sector imobiliário do país, suspendeu esta quinta-feira, 28 de Setembro, a negociação das acções na bolsa de valores de Hong Kong.
A negociação das acções de duas subsidiárias do Evergrande, a Evergrande Property Services, dedicada aos serviços imobiliários, e a Evergrande New Energy Vehicle, que opera veículos eléctricos, também foi interrompida, de acordo com avisos publicados no site da bolsa de Hong Kong.
As acções da Evergrande fecharam a sessão desta quarta-feira a valer 32 centavos de dólar de Hong Kong. A empresa tinha retomado as negociações em bolsa a 28 de Agosto, após um interregno de 17 meses.
A suspensão acontece um dia depois de a agência de informação financeira Bloomberg ter avançado, citando fontes não identificadas, que o presidente do Evergrande, o bilionário Xu Jiayin, ter sito detido no início deste mês pelas autoridades chinesas.
Em meados de Setembro, o grupo anunciou a detenção de funcionários de uma das subsidiárias, sem especificar as acusações. A revista de informação económica chinesa Caixin noticiou que “dois ex-executivos da Evergrande também foram presos”.
O sector imobiliário na China registou um crescimento meteórico nas últimas décadas, num país onde a venda de imóveis em planta permite financiar outros projectos.
Em 2020, a situação financeira de muitas construtoras chinesas deteriorou-se, depois de os reguladores chineses terem exigido às empresas um tecto de 70% na relação entre passivo e activos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, agravada pelas medidas de combate à pandemia do covid-19.
O colapso da Evergrande, cujo passivo ascende a 328 mil milhões de dólares, é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais reduzido, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70% – de acordo com diferentes estimativas.
A crise afectou, nos últimos meses, outro peso pesado do sector, a Country Garden, até há pouco vista como uma empresa financeiramente sólida.
Nesta última segunda-feira, uma outra subsidiária da Evergrande, a Hengda Real Estate, anunciou que “não consegue pagar os pagamentos regulares de obrigações, aumentando a pressão sobre o grupo, antes de uma audiência marcada para o final de Outubro com um grupo de credores, nos tribunais de Hong Kong”.