Uma equipa de investigadores da tecnológica suíça NeuroRestore, em colaboração com cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e da Harvard Medical School, conseguiu restaurar, com sucesso, a capacidade de locomoção em ratos e seres humanos que tinham sofrido de lesões completas na medula espinal.
Tradicionalmente, enquanto lesões parciais da medula espinal em ratos e seres humanos permitem alguma recuperação natural da função motora, uma lesão completa não oferece tal esperança. Nos estudos desenvolvidos até agora, os cientistas conseguiam fazer com que as fibras nervosas de uma medula espinal totalmente seccionada fossem regeneradas, mas falhavam em restaurar a função motora.
“As novas fibras não se ligavam aos locais correctos”, explica o director do Departamento de Regeneração do Sistema Nervoso Central na NeuroRestore, Mark Anderson.
Usando equipamento de ponta nas instalações do Campus Biotech da EPFL, em Genebra, os cientistas realizaram uma sequenciação de RNA nuclear (uma molécula responsável pela síntese de proteínas nas células do organismo) de uma célula única, para identificar quais os neurónios envolvidos na reparação natural, após lesões parciais da medula espinal.
“O nosso estudo mostrou não apenas que os axónios podem regenerar-se, mas também que têm de reconectar-se aos seus alvos naturais para restaurar as funções motoras”, explica o autor principal do estudo, Jordan Squair, à Innovation News Network, citado pelo portal Zap Aeiou.
Inspirados por mecanismos de reparação natural, os autores do estudo criaram uma abordagem de terapia genética multifacetada, que recorreu a proteínas específicas para auxiliar o crescimento das células afectadas pela lesão, e a moléculas específicas para conduzir as fibras regenerativas aos seus alvos naturais.
Como resultado da técnica desenvolvida, ratos com lesões completas na medula espinal recuperaram a capacidade motora, imitando os padrões de marcha de ratos que recuperaram naturalmente após lesões parciais.
O CEO da NeuroRestore, Grégoire Courtine, sugere que a terapia genética pode ser usada em sinergia com estimulação eléctrica da medula espinal para uma solução de tratamento abrangente.
“Acreditamos que serão necessárias ambas as abordagens para tratar completamente as lesões da medula espinal”, observou Courtine.
Os resultados do estudo foram publicados na passada quinta-feira, 21 de Setembro, na revista Science.