O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BdM) prevê uma “ligeira aceleração” da inflação no País até final do ano, mas inferior a 6%, conforme relatório divulgado esta quarta-feira, 27 de Setembro.
Segundo o relatório mensal sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, “as perspectivas de curto prazo apontam para uma ligeira aceleração da inflação, reflectindo o fim da época fresca, o agravamento das tarifas na portagem da Moamba e o aumento dos preços de combustíveis e de produtos alimentares na África do Sul”, lê-se no documento.
Contudo, alerta-se que “prevalecem como riscos” inerentes a estas perspectivas as “incertezas” quanto “ao ajustamento dos preços de combustíveis a nível doméstico e a magnitude dos efeitos e impacto do fenómeno ‘El Niño’”.
“Os agentes económicos reviram em baixa as suas perspectivas de inflação para o fecho do ano. Neste mês de Setembro,, as expectativas dos agentes económicos indicam que, em Dezembro próximo, a inflação anual poderá situar-se em 5,88%, depois dos 6,39% revelados no inquérito precedente [em Agosto]”, acrescenta-se no relatório do CPMO do banco central.
A inflação anual em Moçambique reduziu para 4,9% em Agosto, depois de 5,7% em Julho, explicada, segundo o banco central, “principalmente pela queda dos preços de bens alimentares, favorecida pelo prolongamento da época fresca, num contexto de estabilidade do metical”.
Estas perspectivas levaram o Comité de Política Monetária, a 22 de Setembro, a decidir manter a taxa de juro de política monetária em 17,25%: “esta decisão é sustentada pelo agravamento dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, não obstante as perspectivas da sua manutenção em um dígito no médio prazo. Mantêm-se as perspectivas de inflação de um dígito no médio prazo”.
Acrescenta-se que “os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação agravaram-se” nas últimas semanas e, que a nível interno, “prevê-se a prevalência da pressão sobre a despesa pública e das incertezas quanto à evolução e aos efeitos de eventos climáticos extremos”.
“Na envolvente externa, destacam-se as incertezas quanto à magnitude do impacto do prolongamento e escalada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem como a tendência recente para aumento dos preços dos combustíveis. A materialização destes riscos poderá concorrer para uma aceleração da inflação, desviando-a da trajectória esperada”, alerta-se igualmente no relatório.