A Agência Internacional de Energia (AIE) considera que o mundo pode alcançar o objectivo de “emissões zero” no sector da energia em 2050, triplicando, para 2030, a capacidade de produção das energias renováveis.
A AIE publicou esta terça-feira, 26 de Setembro, a actualização da estratégia de 2021 no sentido de alcançar os objectivos em meados do século e limitar o aumento global das temperaturas a 1,5 graus.
Para o organismo, apesar da “falta de ambição política e da cooperação”, é possível que “os avanços dos últimos anos possam ajudar a alcançar as metas inicialmente propostas”.
Deste modo, a AIE concentra-se em estratégias que visam triplicar em 2030 a capacidade de produção mundial de energias renováveis, duplicar o ritmo anual do aumento das melhorias de eficiência energética, incrementar a venda de veículos eléctricos e promover as medidas com vista ao corte das emissões de gás metano (do sector energético) em 75%.
“Estas estratégias têm como base tecnologias que já existem e que já demonstraram rentabilidade face aos cortes de emissões e que podem garantir a redução de mais de 80% de reduções necessárias até ao final da década”, indica a AIE.
Os investimentos globais devem multiplicar-se no início da próxima década para que se mantenha o ritmo da redução de emissões.
O documento destaca que o “crescimento recorde sobre a capacidade de produção de energia solar e as vendas de carros eléctricos estão em linha com o caminho no sentido da neutralidade de emissões a atingir em 2050”.
Mesmo assim, a agência insiste que são necessárias acções mais ambiciosas na década actual.
O relatório constata que “face a este cenário, não são necessários novos projectos de longo prazo para a produção de petróleo, gás natural, minas de carvão ou centrais eléctricas a carvão”.
A AIE reconhece que “o investimento deve manter-se em alguns projectos já existentes ou que já foram aprovados nos sectores do gás e do petróleo para que seja assegurado o equilíbrio entre o aumento da produção das energias renováveis e o declive das energias fósseis sem gerar problemas de abastecimento nem tensões nos preços”.
“A boa notícia é que sabemos o que temos de fazer e como temos de o fazer”, assinala no relatório o director-executivo da AIE, Fatih Birol, que insiste que “para o êxito é crucial uma sólida cooperação internacional”.
O documento alerta ainda que “se o mundo não conseguir expandir com a rapidez necessária o sector das energias limpas para 2030 vai ser preciso retirar da atmosfera cerca de cinco mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano durante a segunda metade do século XXI, para que seja assegurado que o aumento das temperaturas não ultrapasse os 1,5 graus”.
O relatório sublinha em particular que “quase todos os países precisam de acelerar o ritmo para atingir a neutralidade carbónica” e apela para “os países ricos anteciparem os objectivos para 2045, e à República Popular da China para 2050”.
“Esta aceleração, que implicaria antecipar em cinco anos os objectivos de neutralidade carbónica fixados na maioria dos países desenvolvidos (incluindo os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Japão) e em dez anos na República Popular da China, é necessária para conseguir conter o aquecimento global em relação à era pré-industrial”, acrescenta a AIE.