A última tendência nos Estados Unidos chama-se “lazy girl jobs” e invadiu o TikTok de jovens dos 20 aos 30 anos. Mas nem todos sabem o que realmente significa e muito do que dizem está errado.
Na cultura de trabalho norte-americana (e não só), é “regra” que o sucesso exige muito trabalho e que relaxar, assim como fracassar, não é aceitável. Porém, desde a pandemia em 2020, as gerações mais jovens têm questionado cada vez mais esse ideal de trabalho, desde o “quiet quitting” até à nova tendência: o “trabalho preguiçoso”.
“Lazy girl jobs” são funções com grande equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, chefias tranquilas e salários dignos. As “trabalhadoras preguiçosas” desligam à hora de saída em ponto e não respondem a e-mails fora do horário. São trabalhos de baixo stress e mais bem executados remotamente.
A tendência é, em parte, uma reacção contra o ideal de “girlboss” dos anos 2010, que levou as mulheres ao excesso de trabalho, ainda que este novo fenómeno não defenda que as mulheres simplesmente não trabalhem. Os profissionais fazem o seu trabalho, assumem as suas responsabilidades, mas, em vez de romantizar a “agitação e correria diárias”, estão apenas a trabalhar para poder viver.
O termo gerou quase 18 milhões de visualizações no TikTok, e foi Gabrielle Judge, uma influencer de carreira, que cunhou o termo “lazy girl job” em Maio.
A influencer de 26 anos, cujas contas de TikTok, Instagram e LinkedIn focam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, revela que sabia que “lazy” teria uma conotação negativa, mas era um bom tema de conversa. “Lazy girl jobs” não são funções nas quais se pode relaxar, explica, mas planos de carreira em que “o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal deve ser tal que um profissional quase sente que está a ser preguiçoso”.
Gabrielle também partilhou que essa tendência não é apenas para o género feminino e que apenas 70% dos seus seguidores são mulheres. No entanto, também postou avisos para os seus seguidores não divulgarem conteúdos sobre as suas vidas profissionais. “Infelizmente, algumas pessoas vão interpretar essa tendência da maneira errada. A retaliação e monitorização de trabalhadores podem surgir no local de trabalho, o que adicionaria mais stress à vida de cada um. O objectivo é encontrar felicidade e equilíbrio”.
À medida que a tendência ganhou força, foi mal compreendida pelos media. Suzy Welch, professora da Universidade de Nova Iorque (NYU), nos Estados Unidos, disse à CNBC que considera que é uma tentativa de evitar a ansiedade a todo custo, culpando os pais por criarem “um grupo de jovens de 20 e poucos anos que nunca teve de tomar decisões difíceis ou fazer coisas muito exigentes”.
Embora Gabrielle e os seus seguidores “preguiçosos” vejam muitos defeitos na actual cultura de trabalho, ela está optimista em relação ao futuro.
Fonte: Sapo