Energia e transportes foram os sectores que beneficiaram de empréstimos chineses a Angola, entre 2000 e 2022, num total de 45 mil milhões de dólares, um quarto do montante concedido pela China a África neste período.
Os dados do Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston, consultados este domingo, 24 de Setembro, pela Lusa, mostram que o maior empréstimo das últimas duas décadas se destinou à petrolífera angolana Sonangol.
No geral, Angola contratualizou 258 empréstimos, somando 45 mil milhões de dólares, o que representa mais de um quarto, correspondendo a 26,5% do total emprestado pela China a África, tendo o mais recente sido atribuído no ano passado pela empresa estatal de defesa para a tecnologia aérea (CATIC).
Energia e transportes foram os sectores que mais consumiram dinheiro chinês, com 25,9 e 6,2 mil milhões de dólares, respectivamente, absorvendo mais de metade dos empréstimos, sendo que em anos mais recentes, as verbas foram afectas sobretudo aos sectores da Defesa e Tecnologias da Comunicação.
Em 2021, foi assinado um acordo com o banco Export-Import da China (Chexim) para um projecto de segurança pública e vigilância anticrime, no valor de 79,7 milhões de dólares, e uma extensão do contrato de assistência técnica à Força Aérea com a CATIC, por 30,3 milhões de dólares.
Já no ano passado, a CATIC concedeu um novo empréstimo ao Governo angolano no valor de 18,6 milhões de dólares para aquisição de equipamentos, bens e serviços militares para a Força Aérea.
O banco estatal chinês CHEXIM foi, desde 2000, dos principais financiadores do Governo angolano através de empréstimos nas mais diversas áreas, mas foi o também estatal Banco de Desenvolvimento da China (CDB) que concedeu a maior verba neste período, num contrato único de mil milhões de dólares atribuído em 2013 à Sonangol.
Entretanto, a base de dados não refere os fins a que se destinava o crédito para a petrolífera angolana, que é descrito apenas como “Sonangol Development”.
Na área da energia outros empréstimos relevantes são os 838 milhões de dólares da central de ciclo combinado do Soyo, concedidos em 2015 pelo ICBC (Banco Industrial e Comercial da China) e os projectos de electrificação de Luanda consumiram 452 milhões de dólares concedidos pelo CDB e do Zaire (405 milhões de dólares do ICBC e China Misheg), com contratos assinados em 2016 e 2018, respectivamente.
No sector dos transportes, os financiamentos mais caros foram o do porto do Caia (com 932 milhões de dólares em 2016), a reabilitação da estrada Caxito-Nzeto (com 619 milhões de dólares em 2007) e da estrada Nzeto-Soyo (509 milhões de dólares em 2015), assim como a compra de 5500 autocarros, todos via CHEXIM.
A base de dados CLA Database, iniciada em 2007, usa várias fontes para contabilizar os empréstimos chineses concedidos a África e estima que, entre 2000 e 2022, um total de 39 entidades financiadoras chinesas assinaram 1243 empréstimos num total de 170 mil milhões de dólares com 49 Governos africanos e sete instituições regionais.
Contudo, esta base de dados apresenta apenas o valor dos empréstimos contratualizados, que não são equivalentes à divida total já que contemplam apenas os contratos e não os desembolsos, reembolsos ou incumprimentos.