O ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, assegurou esta sexta-feira, 22 de Setembro, que o Executivo moçambicano confia na empresa sul-africana chamada para gerir a companhia aérea do País, após denúncia de dívidas e corrupção pelo novo gestor.
Falando durante a reinauguração da embarcação que liga a Ilha de Inhaca à cidade de Maputo, Magala garantiu: “nós (Governo) temos confiança nos gestores da Linhas Aéreas de Moçambique, naqueles que nos ajudam na nossa agenda de transformação da LAM numa empresa credível e [acreditamos] que vamos chegar a bom porto”.
O governante reagia às últimas denúncias, feitas pela sul-africana Fly Modern Ark (FMA), de supostos casos de corrupção praticados por alguns gestores da LAM, além de irregularidades na implementação de medidas para a recuperação da companhia.
O ministro recordou que a companhia de bandeira está a passar por reformas que precisam de tempo, considerando a “gestão da mudança” uma “questão muito importante” durante o processo.
A 14 de Setembro, a empresa sul-africana reconheceu que os clientes deviam à companhia aérea de bandeira, em Junho, 1,2 mil milhões de meticais, incluindo a Frelimo, partido no poder.
“Entretanto foram feitas cobranças, planos de pagamento de dívidas e reconciliação de contas”, esclareceu no mesmo encontro a responsável pela administração financeira e contabilística na gestão da FMA na LAM, Zita Joaquim, admitindo que as dívidas são de empresas públicas e privadas, Ministérios, Forças Armadas, instituições públicas e outras.
Questionada pelos jornalistas, a responsável admitiu que só uma empresa, que não identificou, devia à companhia aérea quase 50 milhões de meticais.
No caso da Frelimo, partido no poder, a fonte reconheceu que era “uma das entidades fora da lista de voos a crédito”, face a uma dívida inicial que se cifrou em 22 milhões de meticais, e da qual pagou entretanto cinco milhões de meticais. Reconheceu, ainda assim, este problema como sendo também da responsabilidade da companhia, por ter deixado acumular estes valores em atraso.
“Mas a lista de entidades é grande”, sublinhou Zita Joaquim, admitindo que, desde Junho, outros valores foram regularizados, preferindo, porém, não revelar o actual montante em dívida, até porque também encontraram casos comprovados de pagamentos feitos por clientes que não estavam regularizados nas contas da companhia e que ainda estão por apurar.
A FMA assumiu a gestão da LAM em Abril, reconhecendo a sua dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares, de acordo com dados fornecidos na altura.
A estratégia em curso, de revitalização da empresa, segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimento, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à ineficiente manutenção das aeronaves.