O tema “Juventude e Sustentabilidade” esteve esta sexta-feira, 22 de Setembro, em discussão numa reunião informal do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) à margem da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Em declarações à Lusa no final da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Gareth Guadalupe, observou que, apesar da questão da juventude e sustentabilidade ser um tema muito transversal, foi dado também destaque às questões da mobilidade e da cooperação económica.
De acordo com o governante, as alterações climáticas são igualmente um tema sobre o qual a CPLP se deve debruçar e apostar na formação dos seus jovens para contribuir para um futuro mais sustentável.
“Quando falamos de sustentabilidade, estamos referir-nos às vertentes económica, social e ambiental. Nesta temos a questão das alterações climáticas. Devemos ter em conta que tudo o que fazemos tem de ser de uma forma sustentável para podermos ajudar a mitigar os efeitos das alterações climáticas, uma variável que não depende de nós. Como tal, tudo o que pudermos fazer, enquanto CPLP, será bem-vindo”, advogou.
“Nós sabemos que muitas das metas climáticas não se concretizam de um ano para o outro, muitas delas vão até 2050. Mas nós somos a geração que tem de preparar a nossa comunidade para o futuro. E este futuro é feito pelos jovens, que têm de ser educados nesse sentido, com formação profissional, com ensino superior, permitindo-lhes que, se emigrarem, tenham a qualificação necessária para serem competitivos onde estiverem. Mas os que ficam também têm de ter essa qualificação”, frisou o ministro.
O governante são-tomense disse haver “toda uma sintonia” entre os membros da CPLP sobre os temas abordados durante a reunião informal.
“E há uma frase que foi deixada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que eu gostaria de enaltecer: o mundo está a mudar, mas as nossas instituições não. Logo, é necessário que nós, a nível da comunidade CPLP, também possamos dar o exemplo”, acrescentou.
Apesar de a guerra na Ucrânia não ter sido directamente abordada nesta reunião, Gareth Guadalupe disse à Lusa que o bloqueio do Acordo dos Cereais do Mar Negro – que permitia a exportação de alimentos pelos portos ucranianos, mas agora bloqueado pela Rússia – poderá complicar ainda mais a questão da inflação, mais concretamente nos preços dos alimentos, no continente africano, pelo que é um tema que continuará na agenda.
Por sua vez, o secretário-executivo da CPLP, Zacarias da Costa, salientou que os efeitos deste bloqueio não se restringem ao continente africano e defendeu um trabalho conjunto em prol de uma solução e um apoio a António Guterres nos seus esforços para restabelecer esse acordo.
Em relação ao Acordo de Mobilidade ratificado pelos Estados-membros da CPLP, Zacarias da Costa disse à Lusa que se está a avançar “para um segundo passo, a nível mais técnico, de análise das dificuldades logísticas e humanas que temos para implementar o acordo, mas, particularmente, em termos de segurança documental, que é um problema que diz respeito a todos os Estados-membros. [São necessárias] formas de garantir que haja uma maior segurança documental para que os nossos cidadãos também possam deslocar-se livremente entre os nossos Estados-membros”, afirmou.
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.