Para muitos é um verdadeiro sacrilégio, para outros tornou-se uma combinação viciante. Cansada das misturas mais tradicionais, a nova geração decidiu arriscar e juntar vinho tinto e Coca-Cola no mesmo copo.
Embora seja pouco convencional, a invenção não é recente. Na verdade, esta preparação é idêntica a um cocktail chamado kalimoxto (originalmente, Rioja Libre ou Cuba Libre del Pobre), que nasceu no País Basco, em Espanha, nos anos 1920. Desde então, espalhou-se um pouco por todo o mundo.
A ideia inusitada surgiu quando os organizadores de um festival, na zona costureira de Puerto Viejo, em Biscaia, juntaram o refrigerante ao tinto para aproveitar várias caixas que se tinham estragado e disfarçar o sabor amargo. Tinha tudo para dar errado, mas a verdade é que acabou por resultar.
No TikTok, a etiqueta “#kalimotxo” já conta com cerca de 26 milhões de visualizações. Alguns aventureiros são fiéis à receita original dos dois amigos (chamados Kalimero e Motxo), enquanto outros optam pela garrafa mais barata que têm em casa. Há ainda quem ensine a fazer este preparado com as referências mais aclamadas.
Com o sucesso recente, é claro que as opiniões dos especialistas se divide. “O vinho é subjectivo e, em última análise, um prazer que deve ser deixado ao critério da mentalidade de cada um”, começa por explicar a sommelier Vanessa Prince, ao site TastingTable.
No entanto, a provadora também disse que “não se apressaria a misturar” os dois líquidos. “Se está a beber algo de melhor qualidade, que talvez tenha levado anos complicados para um vinhateiro cultivar, produzir, envelhecer, engarrafar e vender… pode ser demasiado mascarar isso com uma simples Coca-Cola”, conclui.
Há, contudo, alguns factores que motivam os entusiastas a experimentarem a fórmula. O resultado é uma bebida refrescante, muitas vezes tem um baixo teor de álcool – como “um spritzer de vinho clássico” – e a receita é extremamente versátil. Pode adaptar-se a uma gama de vinhos muito ampla.
No entanto, Price aconselha os curiosos a optarem por referências mais jovens e com notas frutadas. Se juntar estas propostas ao refrigerante, com alguns cubos de gelo, o rótulo ajuda a realçar a doçura da bebida gaseificada e pode atrair os mais resistentes a conhecerem o trabalho de vários vinicultores.
Quanto ao acompanhamento, o kalimotxo (ou as suas novas versões) não foi feito para acompanhar uma refeição. Em vez disso, faz sucesso quando é provado em conjunto com azeitonas, queijos ou outros petiscos mais leves.
Apesar da sua recente popularização, a bebida foi-se espalhando por vários pontos do globo ao longo dos anos, mas sempre com nomes diferentes. É um sucesso sobretudo na Europa Ocidental e na América Latina. Jote (urubu-preto), motorină (combustível diesel) e vadász (caçador) são os nomes dados à fórmula no Chile, na Roménia e na Hungria, respectivamente.
Fonte: NiT