O Presidente da República, Filipe Nyusi, pediu esta quinta-feira, 21 de Setembro, em Washington, “mais apoio” dos Estados Unidos da América aos militares moçambicanos e às forças dos países que estão a combater o terrorismo na província de Cabo Delgado.
Após proferir uma palestra no Colégio Nacional de Guerra, em Washington, onde abordou a experiência de Moçambique nos processos de reconstrução pós-conflitos, bem como ao nível de desastres naturais, o chefe de Estado moçambicano afirmou que os progressos na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado estariam num nível muito mais avançado “se tivéssemos mais meios”.
“Face a tal, pedi mais apoio dos Estados Unidos para os esforços das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mas também das tropas amigas do Ruanda e da Missão Militar da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], que, neste momento, estão em Cabo Delgado a combater os inimigos do nosso desenvolvimento”, explicou, numa mensagem divulgada após a palestra, enfatizando que “queremos continuar a lograr sucessos para a erradicação do terrorismo do nosso País”.
Filipe Nyusi já tinha afirmado na terça-feira, em Nova Iorque, que o apoio que Moçambique está a receber no combate ao terrorismo é um exemplo de como África pode resolver os seus problemas, mas apontou que as forças no terreno precisam de financiamento.
“Esta experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral é também exemplo de resolução de problemas africanos, antes por próprios africanos. Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que de forma directa e interventiva combatem connosco o terrorismo em Moçambique, no sentido de tornar sustentáveis as operações ainda em curso”, disse Filipe Nyusi, ao intervir na 78.ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O governante reconheceu ainda que “as Forças de Defesa e Segurança têm estado a alcançar sucessos visíveis no terreno, apesar de os terroristas continuarem a criar terror e medo de forma esporádica em aldeias isoladas”. Por isso, “com a melhoria da ordem e da tranquilidade, as populações têm estado a retornar em massa para as suas zonas de origem, recomeçando a sua vida com normalidade”.
Neste momento, segundo Nyusi, o desafio é a reconstrução das infra-estruturas e a consolidação da coesão social”.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região. O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.