O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, revelou na quarta-feira, 20 de Setembro, que mais de metade dos 154 distritos de Moçambique já está equipada com estações meteorológicas, tendo assumido que esta aposta já permitiu mitigar os efeitos dos ciclones no País este ano.
“Num processo de adaptação às mudanças climáticas, o sistema de aviso prévio é indispensável e desempenha um papel crucial na redução da vulnerabilidade e no aumento da resiliência das comunidades”, afirmou Filipe Nyusi, ao intervir em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, na cimeira sobre Ambição Climática.
“Temos estado a reforçar a nossa capacidade de resposta através da observação, previsão, partilha de informação meteorológica e comunicação. A nossa aposta destaca a expansão e modernização da rede de observação meteorológica através da iniciativa ‘Um Distrito, Uma Estação Meteorológica’. Dos 154 distritos existentes no País, 88, ou seja, 57%, já possuem estações meteorológicas”, avançou o Presidente da República, citado pela agência Lusa.
O chefe de Estado participou numa das sessões temáticas de alto nível daquela cimeira, que se realizou à margem da 78.ª reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, e destacou que, como resultado deste esforço, o recente ciclone tropical Freddy, apesar da sua magnitude, não causou mortes acentuadas em Moçambique relativamente a outras geografias por onde passou. “E isto deveu-se à prontidão e ao sistema de aviso prévio instalado no País que, ainda assim, precisa da sua expansão”, afirmou.
As chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy afectaram, no primeiro trimestre, mais de 1,3 milhão de pessoas em Moçambique, destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula e provocaram 306 mortos. “No âmbito da observação meteorológica, começámos, com o apoio do Banco Africano do Desenvolvimento, a implementar um projecto de instalação de três radares meteorológicos, e o primeiro, com um raio de 400 quilómetros, já foi instalado no centro do País. Contudo, Moçambique precisa, no total, de sete radares para fazer a cobertura plena da observação em todo o território”, acrescentou.
Filipe Nyusi recordou que, num evento organizado em colaboração com a Comissão da União Africana, com a Organização Mundial de Meteorologia e com o Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres, foi já lançado o quadro institucional para o aviso prévio “Acção Antecipada de Múltiplos Riscos” e respectivo programa de implementação.
“Em 2022, em Maputo, os governos dos países da África Austral adoptaram a Declaração de Maputo para o estabelecimento de um sistema integrado de aviso prévio à acção antecipada na nossa região e, no mesmo ano, assinaram a Declaração de Maputo para a Protecção e Conservação da Floresta de Miombo, um ecossistema importante no sequestro de carbono”, explicou o Presidente.
Relativamente à transição energética, o chefe do Estado avançou que, na produção de energia eléctrica, cerca de 70% da produção em Moçambique vem de fontes hídricas e 14% de gás natural. “E na produção de energia solar, saímos de zero megawatts em 2011, para 82,12 em 2022”, apontou.
“Convido os governos, organizações internacionais, operadores do sector privado, organizações filantrópicas e outros, para se juntarem a estes e outros esforços rumo ao mundo resiliente e adaptado às mudanças climáticas, olhando para África como o continente que mais precisa”, concluiu.